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Rússia declara estado de emergência após avanço da Ucrânia

8 de agosto de 2024

Medida afeta região fronteiriça de Kursk, onde milhares teriam sido evacuados. Tropas de Moscou estariam tentando conter incursão. "Provocação em larga escala", reage Putin.

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Casa destruída em Sudzha, na região russa de Kursk
A Rússia afirma que vários cidadãos nacionais morreram na região de Kursk após o que afirma ter sido um assalto ucranianoFoto: Acting Governor of Kursk Region Alexei Smirnov/Telegram/REUTERS

A Rússia afirmou nesta quarta-feira (07/08) estar lutando contra tropas ucranianas que chegaram a Kursk no dia anterior. A região russa está sob estado de emergência e com medidas de segurança reforçadas no entorno de uma planta nuclear.

"Para eliminar as consequências da chegada das forças inimigas à região, decidi introduzir um estado de emergência na região de Kursk começando em 7 de agosto", declarou à noite o governador em exercício, Alexei Smirnov.

O chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov, informou ao presidente Vladimir Putin por videoconferência que "uma unidade das Forças Armadas ucranianas com até mil homens se lançou em uma ofensiva" à região na manhã de terça-feira.

O ministério russo da Defesa disse via redes sociais que conseguiu evitar que o "inimigo" avançasse mais sobre o território nacional, mas que "a operação para a destruição das unidades do Exército ucraniano" ainda está em andamento.

Putin: "Provocação em larga escala"

Putin acusou a Ucrânia de fazer uma "provocação em larga escala" na região, de onde milhares de pessoas teriam sido evacuadas.

"Nas últimas 24 horas, nossa região tem resistido heroicamente aos ataques", afirmou o governador Smirnov, que também pediu à população que doe sangue.

A Rússia afirma que sofreu um ataque em suas fronteiras por tropas ucranianas apoiadas por tanques e veículos blindados, que teriam avançado até Nikolayevo-Daryino e Oleshnya, duas cidades do outro lado da fronteira com a região ucraniana de Sumy.

Ao menos cinco pessoas foram mortas e outras 31 foram feridas, segundo as autoridades russas.

As tropas de Kiev teriam avançado até a cidade russa de Sudzha, a cerca de 12 quilômetros da fronteira, que abriga o último ponto para o transporte de gás russo que ainda flui para a Europa via Ucrânia.

Guarda Nacional Russa protege usina nuclear na região

Na noite desta quarta, a Rússia enviou tropas da Guarda Nacional para proteger a planta nuclear de Kursk, a 60 quilômetros de distância da fronteira com a Ucrânia. A instalação tem quatro blocos de reatores e gera quase dois gigawatts de energia, alimentando a rede de Kursk e outras 19 regiões.

Tropas adicionais também foram deslocadas para o combate à sabotagem e o reconhecimento de tropas nas regiões de Kursk e Belgorod, conforme anunciado pela Guarda Nacional.

Na terça, o Ministério da Defesa relatou ataques na fronteira, dizendo que eles estavam sendo repelidos por tropas de fronteira, unidades militares e agentes da FSB (o serviço secreto russo).

Zelenski e EUA não comentam

A Ucrânia não disse explicitamente se está realizando uma ofensiva nova em Kursk. O Estado-Maior ucraniano, porém, mencionou ataques russos a vilarejos ucranianos na fronteira.

O presidente Volodimir Zelenski também não mencionou a incursão a Kursk em seu pronunciamento de TV diário, mas disse que quanto mais pressão o país exercer sobre a Rússia, mais perto a Ucrânia estará da paz. "Uma paz justa [alcançada] através de uma força justa."

Na tarde de quarta-feira, a Ucrânia também ordenou a evacuação de 23 assentamentos na região fronteiriça de Sumy, afetando 6 mil pessoas.

Perguntado sobre a incursão ucraniana, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, John Kirby, afirmou que os Estados Unidos iriam entrar em contato com a Ucrânia "para entender melhor" o que estava acontecendo.

"Vou deixar os ucranianos falarem sobre as operações deles, (...) é o mais apropriado. Vamos continuar focados em garantir que eles tenham o que precisam para se defender", disse Kirby.

Ele também frisou que os EUA não mudaram sua política de fornecer armas a Kiev que só sejam usadas contra, no máximo, "ameaças iminentes logo do outro lado da fronteira".

Combates nas fronteiras da Rússia são comuns?

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Desde então, Kiev fez diversas incursões em território russo.

Em maio de 2023, a Legião Liberdade da Rússia, um grupo baseado na Ucrânia e formado por cidadãos russos, realizou operações na região de Belgorod, tendo sido ajudado por outra unidade também formada por russos, o Corpo de Voluntários Russos.

Em março de 2023, o Corpo de Voluntários Russos assumiu a responsabilidade por uma operação em Bryansk.

Essas duas unidades, porém, não fizeram comentários sobre Kursk.

ra (Reuters, AP, AFP)