Rússia condena manifestantes que invadiram final da Copa
17 de julho de 2018Os quatro manifestantes ligados à banda punk rock feminista Pussy Riot que invadiram o campo durante a final da Copa do Mundo na Rússia foram sentenciados a 15 dias de prisão e proibidos de comparecer a eventos esportivos por três anos.
Vestidos de policiais, os manifestantes invadiram o gramado do estádio de Luzhniki durante o segundo tempo da partida entre França e Croácia no último domingo (15/07), interrompendo brevemente o jogo.
Veronika Nikulshina, Olga Kuracheva, Olga Pakhtusova e Pyotr Verzilov, o único dos manifestantes do sexo masculino, foram considerados culpados por violarem as regras de comportamento de espectadores de eventos esportivos e receberam a pena máxima prevista para tal violação.
Logo após a invasão da final do Mundial de futebol, o Pussy Riot postou mensagens nas redes sociais reivindicando a responsabilidade pelo protesto, juntamente com uma lista de seis demandas políticas, incluindo a permissão da competição política no país, o fim de detenções ilegais em manifestações e a libertação deregras de prisioneiros políticos.
Os manifestantes protestaram especificamente contra a prisão do cineasta ucraniano Oleg Sentsov. Crítico ferrenho da anexação da Crimeia pela Rússia, Sentsov foi condenado por tramar atentados terroristas na região.
O Pussy Riot é famoso por seus protestos, sendo o mais conhecido deles uma apresentação realizada numa igreja no centro de Moscou em fevereiro de 2012, com canções de protesto contra Vladimir Putin. Pelo incidente, três membros do grupo foram condenadas por "hooliganismo motivado por ódio religioso".
Nesta terça-feira, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou a Rússia por ter processado e imposto penas às três integrantes do Pussy Riot. Os juízes europeus consideraram que as penas recebidas por Mariya Alekhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich, de dois anos de prisão, foram "de uma severidade excepcional", não levaram em conta o contexto e, por isso, violaram a liberdade de expressão das condenadas.
Segundo o órgão, sediado em Estrasburgo, o tribunal russo que as condenou sequer analisou o conteúdo das letras das canções interpretadas no altar da igreja ortodoxa, com as quais as manifestantes denunciavam a situação política no país.
O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos admitiu que as ativistas infringiram as regras de comportamento em um templo religioso, mas ressaltou que foram punidas com dureza simplesmente porque vestiam cores vivas, gesticulavam com os braços e as pernas ao ar e utilizavam palavras de baixo calão. O órgão também reprovou a Justiça russa por ter mantido as manifestantes em prisão provisória durante cinco meses sem justificativa.
A Rússia terá de pagar 16 mil euros por danos morais a Alekhina, a mesma quantia a Tolokonnikova e 5 mil euros a Samutsevich, além de 11.760 euros em conceito de despesas jurídicas. O Ministério da Justiça russo afirmou que o veredicto ainda não teve efeito e que terá três meses para decidir se vai apelar contra a decisão.
LPF/afp/rtr/ap/dpa/efe
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