Irã: programa nuclear
25 de setembro de 2008A Rússia cancelou na quarta-feira (24/09) uma reunião de ministros do Exterior acerca do programa nuclear iraniano marcado para a quinta-feira, provavelmente em resposta ao recente cancelamento de uma cúpula de ministros do G8 pelos Estados Unidos.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, mostrou compreensão pela atitude russa, lembrando que Washington possui uma postura muito mais rígida perante o Irã que o governo em Moscou. Durante a Assembléia Geral da ONU em Nova York, Rice admitiu que "concorda com os russos que não é a hora certa para um encontro ministerial" e salientou que este acontecerá quando "estiver bem preparado".
Ainda segundo Rice, diplomatas de primeiro escalão se reunirão primeiramente em Washington na sexta-feira. Afinal, a indisposição de Teerã em cooperar teria mostrado que é essencial levar adiante a política de sanções do Conselho de Segurança da ONU.
Rússia fala em "chances reais"
Oficialmente, a Rússia justificou o cancelamento com a "agenda lotada" do ministro Sergei Lavrov. Mesmo assim, o porta-voz do Ministério em Moscou, Andrei Nesterenko, advertiu que há "diferenças de opinião de caráter estratégico" entre os cinco membros permanentes do Conselho – EUA, Rússia, China, Reino Unido e França – mais a Alemanha.
Segundo Nesterenko, existem atualmente "chances reais de prosseguimento dos esforços diplomáticos" com o Irã, o que contradiz a exigência de mais sanções pelos EUA. Para ele, a Assembléia Geral em Nova York não deveria ser dominada completamente pela questão nuclear envolvendo o Irã. "Não vemos necessidade de abandonar todo o resto para realizar um encontro de emergência sobre o programa nuclear iraniano", afirmou.
Steinmeier: sinal errado
Em Nova York, o ministro alemão da Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, lamentou o cancelamento por parte da Rússia, caracterizando-o como um sinal errado.
Ele disse esperar que as negociações com o Irã prossigam no mesmo formato "dentro de alguns meses", lembrando que muitos problemas de importância internacional não podem ser resolvidos sem a Rússia. Entretanto, diplomatas alertam que os encontros dos seis poderão só prosseguir após as eleições presidenciais iranianas em maio de 2009.
Perante o Conselho Executivo da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), em Viena, representantes da União Européia (UE) e dos EUA cobram de Teerã que responda enfim às questões colocadas a respeito de seu programa nuclear. Caso o Irã continue ignorando as exigência da comunidade internacional, UE, EUA, Rússia e China avaliarão a imposição de novas medidas contra Teerã.
Ainda na segunda-feira, o diretor-geral da IAEA, o egípcio Mohammed el Baradei, criticou o fato de o governo iraniano não haver esclarecido questões fundamentais sobre a dimensão militar de seu programa nuclear.
A UE estima que o Irã tenha continuado a ampliar sua capacidade técnica para fabricar bombas atômicas, por mais que o governo reafirme os objetivos pacíficos do programa. A acusação consta de uma declaração que a UE pretende apresentar à direção da IAEA.