Romênia e Bulgária
2 de janeiro de 2012No papel, as vantagens são indiscutíveis. Através de adesão à União Europeia, romenos e búlgaros se tornaram da noite para o dia parte de uma zona de paz, prosperidade, segurança e estabilidade. Mas cinco anos após a adesão, impera certo clima de decepção entre os membros mais novos da UE. A União Europeia obviamente não se tornou uma garantia de vida melhor.
A Bulgária é o país mais pobre da UE e o último da lista, em se tratando de salários, aposentadorias, produtividade no trabalho e eficiência energética. Além disso, o país recebe notas baixas em termos de reforma judicial, a administração de subvenções e na luta contra a corrupção, crime organizado e tráfico de pessoas. Além disso, a falta de proteção ao direito das crianças no país são regularmente temas debatidos em Bruxelas.
Déficits búlgaros
Desde a adesão, em 2007, a União Europeia vem repetidamente apontado enormes déficits na Bulgária. Antoaneta Pramatarova, ex-embaixadora búlgara em Bruxelas, vê um grande atraso, especialmente no sistema judicial. "Processos judiciais contra o crime organizado costumam durar anos. Nesse aspecto ainda temos um longo caminho a percorrer", avalia.
Muitos búlgaros acreditam hoje que seu país entrou no bloco em janeiro de 2007 como um "membro de segunda classe" e mencionam as grandes barreiras à livre circulação deles no mercado de trabalho europeu. A introdução do euro também ainda não tem data para acontecer.
Particularmente desagradável foi o bloqueio de uma ajuda da UE à Bulgária no valor de 220 milhões de euros, estipulado no final de 2008 pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, depois das descobertas de repetidos desvios de subvenções naquele pequeno país dos Bálcãs. "Corrupção em altos níveis de poder e crime organizado não têm lugar na UE e não serão tolerados", alertou Barroso.
Em linguagem simples, o diagnóstico do político português é que há no país muita corrupção e pouca ação por parte do governo para controlar o problema. Mas a linha de Bruxelas não é aprovada em toda a Europa. O ex-secretário de Estado no Ministério alemão das Relações Exteriores, Gernot Erler, afirma que não tem ilusões sobre as consequências dessa política. Segundo ele, o bloqueio de fundos acaba prejudicando somente as pessoas mais simples do povo búlgaro, que necessitam da verba para alimentar suas famílias. "E isso é uma tragédia para o país. Mas talvez tão ruim quanto isso seja a perda de prestígio envolvida."
Críticas de Bruxelas
Se existe compreensão para os novos membros da UE, de um lado, há também duras críticas, do outro. No Parlamento Europeu, até hoje há ainda membros que classificam a Bulgária e a Romênia como países que ainda não estão maduros para a UE. E Bruxelas ainda estipulou cláusulas especiais no contrato de adesão de 8 milhões de búlgaros e 22 milhões de romenos.
Os dois países ainda são controlados até hoje pela Comissão Europeia a respeito do cumprimento das normas europeias. Mas as análises críticas de Bruxelas têm poucas consequências práticas para os políticos locais. E também as medidas punitivas, como o bloqueio de fundos da UE, não surtiram até agora o efeito desejado. A Romênia, por exemplo, não tem condições de acessar até 2013 os subsídios europeus no valor de 19 bilhões, a que o Estado tem direito.
“Isso certamente não deve ser culpa da UE", diz o ex-primeiro-ministro romeno Adrian Nastase. Foi em 2004, durante seu mandato, que se concluíram com sucesso as negociações de adesão à UE. De acordo com Nastase, teriam sido necessários esforços políticos especiais para conseguir retirar o seu país da "zona tampão entre a UE e a Rússia". "A Romênia se esforçou, por razões estratégicas, de forma mais intensa para aderir à UE do que possivelmente era o desejado pela UE", afirma.
Autores: Emiliyan Lilov / Cristian Ştefănescu (md)
Revisão: Augusto Valente