Reserva natural e vulcões adormecidos no Eifel
8 de janeiro de 2005
Toda vez que um vulcão explode em algum ponto da Terra, os alemães olham desconfiados para o maciço do Eifel, que se estende, ao sul de Colônia e ao norte do Rio Mosela, desde o Vale do Reno até as fronteiras com a Bélgica e Luxemburgo. E os vulcanólogos advertem: "O Eifel está apenas adormecido".
Na superfície verde de montanhas suaves e campos cultivados, não há na verdade nenhum indício de uma nova erupção. Mas, cientificamente, os especialistas não podem descartar uma catástrofe devastadora. O subsolo continua ativo, com magma em movimento.
O Parque Nacional
O 14º parque nacional alemão tem formações rochosas, vales cavados por riachos, fontes hidrominerais, parte da represa do Rursee e trilhas para caminhadas. Cerca de 80% da área do Parque Nacional do Eifel é coberta por floresta. Mais da metade dela é formada por faias, árvores típicas desta região de solo pobre em nutrientes. Os abetos vermelhos, um tipo de pinheiro, também estão bem representados na floresta.
A implantação do Parque Nacional Eifel também beneficiou a fauna da região. Entre os animais típicos, estão o gato montês, a cegonha negra e o passarinho guarda-rios, um dos símbolos do parque. Ao todo, a reserva é habitat de 239 espécies animais e vegetais oficialmente protegidas.
Os vulcões
O Eifel teve duas fases de atividade vulcânica, há 400 mil e 200 mil anos. As erupções mais recentes aconteceram há 13 mil e 10 mil anos, após as quais surgiram o lago de Maria Laach e o Ulmener Maar, nas crateras abertas pelas explosões. Como as fases anteriores duraram de 20 mil a 30 mil anos, os vulcanólogos consideram que "a atual fase" ainda não terminou.
Antigamente, muitos cientistas acreditavam haver uma gigantesca câmara de magma sob a paisagem da Alemanha e seus 350 vulcões adormecidos. Há tempos, a tese é considerada superada. Mas as pesquisas identificaram existir, no subsolo do Eifel, rochas esponjosas, através das quais magma líquido circula, interligado a outras zonas vulcânicas européias.
"Na região de Trier, os geofísicos comprovaram haver magma ativo a 70 quilômetros de profundidade, mas nem sempre em movimento vertical", afirma o cientista Peter Ippach, do Parque Vulcânico Eifel Leste. Segundo ele, medições acusaram que as rochas desta profundidade sob o Eifel chegam a 1300 graus de temperatura, contra 1100 das proximidades.
Sem aviso prévio
O geofísico Rolf Schick lembra que, há 10 ou 20 anos, os pesquisadores de vulcões ainda partiam do princípio de que toda erupção era pré-anunciada por recados da natureza, como pequenos terremotos, vazamento de gases ou elevação do solo. "Desde então, houve cerca de 15 casos em todo o mundo, em que vulcões surgiram repentinamente do nada", comenta o professor emérito da Universidade de Stuttgart. Assim, uma erupção também seria possível no Eifel, pelo menos teoricamente.
Embora considere extremamente improvável, Schick não exclui, fisicamente falando, a repetição nas próximas décadas da violenta erupção que deixou a cratera de 3,3 quilômetros quadrados, na qual existe hoje o lago de Maria Laach. "Naquela ocasião, não sobreviveu sequer uma minhoca no raio de 30 quilômetros", diz o geofísico.
Os cientistas explicam a violência das antigas erupções no Eifel pelo choque do magma ardente com a água, seja da superfície (rios e lagos) ou do subsolo (lençóis subterrâneos). Segundo o vulcanólogo Ippach, o vapor d'água liberado no momento do encontro provocava explosões. Estas abriram crateras, que ainda hoje podem ser vistas na paisagem do Eifel. Algumas se transformaram em lagos, onde os alemães se refrescam no verão.