Lixo nuclear
3 de setembro de 2008Desde meados dos anos 60, pesquisa-se no depósito de lixo nuclear Asse 2, no estado alemão da Baixa Saxônia, como armazenar detritos atômicos numa antiga mina de sal. As instalações localizadas próximo à cidade de Wolfenbüttel eram consideradas projeto-piloto para um depósito definitivo em Gorleben.
A pedido do Ministério alemão do Meio Ambiente, o estado da Baixa Saxônia divulgou, na terça-feira (02/09), relatório que aponta graves erros da operadora do depósito de resíduos nucleares: o Centro Helmholtz, de Munique, subordinado ao Ministério alemão da Educação e Pesquisa.
O relatório de 162 páginas apontou que, mesmo antes do primeiro transporte de lixo atômico para o depósito, este já apresentava problemas de permeabilidade. Mesmo assim, entre 1967 e 1978, 128 mil barris com lixo de baixa e média radioatividade foram aí depositados.
O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, considerou os resultados do relatório como "uma catástrofe" para o debate sobre um depósito verdadeiro e definitivo de resíduos nucleares na Alemanha.
Queixa contra responsáveis do depósito de Asse
Segundo o documento, pelo menos desde 1988, metros e metros cúbicos de água penetram na mina onde hoje se localiza Asse 2. Há quase 15 anos, ali se junta solução salina radioativa. Esta é por sua vez re-bombeada para o subsolo, sem licença, pela operadora do depósito. O relatório não apontou se houve vazamento externo. Gabriel afirmou, no entanto, que "pode-se estar certo de que em nenhum lugar a segurança está garantida".
Tratamento não autorizado com material nuclear, administração inadequada, falta de padrões – ao todo, o ministro do Meio Ambiente deu um péssimo atestado ao Centro Helmholtz de Munique e à superintendência responsável, o Departamento Estadual de Minas, Energia e Geologia da Baixa Saxônia.
Nesta quarta-feira, a chefe da bancada do Partido Verde, Renate Künast, depositou queixa na Procuradoria Pública de Braunschweig contra os responsáveis do depósito de lixo nuclear de Asse. A queixa não se dirige a pessoas concretas, afirmou a Procuradoria.
Questão ainda não esclarecida
Para o ministro social-democrata, forte opositor da energia atômica, o caso é bastante oportuno. As falhas em Asse serviriam para mostrar o tratamento descuidado com o perigoso lixo radioativo. Por outro lado, Gabriel tentou deixar claro que Asse nada teria a ver com o depósito de Gorleben, situado também no estado da Baixa Saxônia. Desde o fim dos anos 70, Gorleben fora escolhido para depósito definitivo de resíduos nucleares.
Para o depósito experimental de Asse, foi escolhida uma antiga mina "tão perfurada quanto um queijo suíço", explicou o ministro. Em Gorleben, trata-se de uma mina de sal intacta, que foi usada exclusivamente como possível depósito definitivo, explicou Gabriel.
Com o relatório, o ministro Gabriel põe agora mais lenha na fogueira de uma questão ainda não esclarecida: o destino final das 450 toneladas de lixo nuclear produzidas anualmente pelas usinas atômicas alemãs.