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"Rei Charles me pediu para cuidar da Amazônia", diz Lula

6 de maio de 2023

Após comparecer à coroação do monarca britânico em Londres, presidente conta que rei demonstrou preocupação com a Floresta Amazônica em breve conversa. "E eu falei: 'Eu preciso de ajuda'", afirma Lula.

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Ao lado da primeira-dama Janja da Silva, Lula cumprimenta o rei Charles em evento no Palácio de Buckingham, em Londres
Ao lado da primeira-dama Janja da Silva, Lula cumprimenta o rei Charles em evento no Palácio de Buckingham, em LondresFoto: Ian Jones/Foreign, Commonwealth and Development Office/Handout/REUTERS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (06/05) em Londres, onde participou da coroação do rei Charles 3º, que o monarca britânico demonstrou preocupação com a Floresta Amazônica em uma breve conversa que os dois tiveram.

"A primeira coisa que o rei disse para mim foi para cuidar da Amazônia", disse o líder brasileiro em pronunciamento à imprensa após a cerimônia. "E eu falei: 'Eu preciso de ajuda, não é só a nossa vontade. Eu preciso de ajuda e de muitos recursos'", completou.

Conhecido defensor do meio ambiente, Charles visitou a Amazônia brasileira em duas ocasiões antes de se tornar rei, em 1978 e em 2009.

Neste sábado, Lula foi um entre as dezenas de chefes de Estado estrangeiros que compareceram à cerimônia de coroação do rei na capital do Reino Unido. No dia anterior, ele conversou com o monarca britânico durante uma recepção com cerca de mil convidados no Palácio de Buckingham.

"Países ricos têm débito"

Em seu pronunciamento após a coroação, Lula voltou a cobrar os países desenvolvidos a apoiarem as nações em desenvolvimento e financiarem ações de combate à mudança climática em todo o mundo.

 "Desde a COP 15, que eu participei quando era presidente em 2009, os países ricos prometem dinheiro, prometem fundo. Mas a verdade é que esse fundo de 100 bilhões de dólares nunca aparece", disse, referindo-se aos repasses anuais previstos no Acordo de Paris.

"Os países ricos, que já destruíram suas florestas porque se industrializaram há 200 anos, precisam compreender que eles têm um débito na emissão de gás carbônico. E, portanto, têm que adiantar recurso, pagando essa dívida, para que a gente possa preservar nossa floresta."

O presidente afirmou ainda que, em agosto, haverá o primeiro encontro de líderes de países amazônicos da América do Sul, a fim de discutir uma agenda comum de preservação da floresta.

"É preciso que a gente tome uma decisão comum. Porque não adianta o Brasil preservar só a nossa [floresta], que nós vamos preservar. Nós vamos cumprir a promessa que fizemos de acabar com o desmatamento até 2030. Isso é uma questão de honra", declarou Lula.

Ele disse ainda que vai convidar o presidente da França, Emmanuel Macron, para participar das conversas em agosto, devido à Guiana Francesa, que tem parte da Amazônia em seu território.

Encontro com premiê britânico

A declaração de Lula veio um dia depois de ele se encontrar com o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, que anunciou que seu país vai contribuir para o Fundo Amazônia. Segundo o governo brasileiro, o repasse deve envolver 80 milhões de libras (R$ 500 milhões).

"Temos muitos interesses em comum, seja reforçar a relação comercial e econômica, mas também combater as alterações climáticas", afirmou Sunak.

O premiê britânico disse ainda que a entrada do Reino Unido no Fundo Amazônia é um "reconhecimento ao trabalho e liderança" de Lula no tema da preservação ambiental, descreveu o governo brasileiro.

Criado em 2009, o Fundo Amazônia conta com valores originalmente enviados pela Alemanha e Noruega, que recentemente retomaram o programa de preservação, após uma série de mudanças unilaterais promovidas durante o governo Bolsonaro ter levado à paralisação do fundo.

Nos últimos 15 anos, os dois países europeus canalizaram mais de R$ 3 bilhões para o Fundo Amazônia.

Retomada das relações

Na sexta-feira, na troca inicial de palavras na chegada à residência oficial do primeiro-ministro britânico, o presidente brasileiro disse que, além de ter viajado para assistir à coroação do rei, também queria "restabelecer a normalidade nas relações entre o Brasil e o Reino Unido".

"Esse nosso encontro é a retomada da relação do Brasil com o mundo. O Brasil ficou isolado durante quase praticamente seis anos e nós queremos retomar uma discussão comercial porque acho que há uma possibilidade enorme de crescer", afirmou Lula na sexta.

Esse foi o primeiro encontro entre Sunak e Lula. Os dois líderes já haviam conversado por telefone em dezembro, antes da posse do atual presidente brasileiro.

ek (Agência Brasil, ots)