Seqüestro de alemães
21 de julho de 2007No final de um dia marcado por informações contraditórias sobre o destino dos dois engenheiros alemães seqüestrados no Afeganistão, o ministério das Relações Exteriores em Berlim confirmou, no final da tarde deste sábado (21/07), que um deles provavelmente morreu. O outro ainda estaria vivo.
"Temos que partir do princípio de que um dos dois alemães de fato morreu. Tudo indica que ele morreu em conseqüência do seqüestro. Um assassinato é improvável. Mas isso não torna sua morte menos trágica", disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier.
Segundo informações de autoridades de segurança afegãs, divulgadas pelo Ministério das Relações Exteriores em Cabul, um dos dois engenheiros alemães morreu de infarto cardíaco, o outro ainda vive.
O ministro afegão das Relações Exteriores, Rangin Dadfar Spanta, que viveu durante mais de 20 anos em Aachen, condenou o seqüestro como "um ato bárbaro" e disse que seu governo se solidariza com o povo alemão.
Steinmeier afirmou que agora é preciso concentrar os esforços para conseguir a libertação do outro refém. O ministro mostrou-se indignado com o fato que de que extremistas islâmicos, especialmente o Talibã, tenham instrumentalizado o seqüestro dos dois engenheiros, que provavelmente foram raptados por um outro grupo.
Berlim e Cabul desmentiram as declarações feitas neste sábado (21/07) via telefone por um porta-voz do Talibã a várias agências de notícias, que o grupo radical islâmico havia matado os dois reféns alemães. O Talibã havia assumiu a autoria do seqüestro, ocorrido na última terça-feira, e exigiu a retirada das tropas alemãs do Afeganistão.
Notícias do Talibã
"Um dos reféns foi morto às 12h05min (4h35min de Brasília)", disse o porta-voz do Talibã, Jussif Amadi, via telefone à agência alemã de notícias (DPA). Após o fim do ultimato, o segundo refém teria sido executado às 13h20 (5h50 de Brasília), informou a agência de notícias espanhola EFE.
"As declarações são consideradas muito sérias, mas até agora não há uma confirmação de fonte independente de que um refém alemão possa ter sido morto", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores em Berlim, Marin Jäger, na mamhã de sábado.
Caso as informações fossem confirmadas, os dois alemães, que foram seqüestados na última quarta-feira na província de Wardak (120 km a sudoeste de Cabul), seriam os primeiros reféns de países ocidentais com tropas no Afeganistão assassinados pelo Talibã.
Eles trabalhavam num projeto de construção de uma represa. O governo alemão apóia com 100 milhões de euros ao ano projetos de desenvolvimento no Afeganistão. Deste total, 20 milhões de euros são destinados anualmente ao fundo de reconstrução do governo afegão.
Um porta-voz do Talibã ameaçou também matar cerca de 20 missionários sul-coreanos, entre eles 15 mulheres, seqüestrados na quinta-feira.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, tem retirado que seu governo não cederá a chantagens. "Não devemos desistir de nossos esforços. O povo afegão não deve ser abandonado", disse neste sábado ao jornal Passauer Neue Presse.
Em outubro próximo, o Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) terá de decidir sobre a prorrogação ou não da presença de tropas alemãs no Afeganistão. A Coréia do Sul tem planos para retirar seus 200 soldados do país ainda este ano.
No começo de julho, um alemão foi libertado após permanecer durante uma semana em poder de seqüestradores no Afeganistão. Em outubro de 2006, dois jornalistas alemães foram mortos no norte do país, considerado relativamente seguro. (wga/gh)