Redução de sacolas plásticas pode diminuir poluição nos mares
29 de abril de 2013Muitos banhistas conhecem a sensação de estar nadando na praia e, de repente, ter uma sacola plástica enrolada em sua perna. O incidente não é fruto do acaso, mas sim, segundo especialistas, consequência das entre 100 e 150 milhões de toneladas de lixo que estão espalhadas pelos oceanos. E o volume, alertam, está aumentando – só de plástico são cerca de 6,5 milhões de toneladas por ano.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), aproximadamente 13 mil partículas de plástico boiam por quilômetro quadrado de oceano. Em meados de abril, a ONG Grupo para Proteção do Meio Ambiente e da Natureza (Bund, na sigla em alemão) entregou o manifesto "Oceano sem plástico" ao ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Peter Altmaier.
O grupo pede a redução de 50% do lixo nos mares europeus até 2020. Especialmente problemáticas são as sacolas e embalagens de plástico, que podem demorar até 500 anos para se decompor. Quando pequenas, muitas vezes elas não conseguem ser filtradas nas estações de tratamento de esgoto.
A maior parte do lixo no oceano – cerca de 80% – é jogada diretamente de áreas costeiras. O lixo depositado em aterros sanitários à céu aberto, como os de Inglaterra e Holanda, podem ir parar em rios e, dessa maneira, ser conduzido até os oceanos, explica Nadja Ziebarth, especialista em proteção marinha do Bund.
A pesca também produz lixo. Por exemplo, quando redes são descartadas no mar. As consequências para os animais são drásticas. "Eles não enxergam o lixo na água, acabam ficando embaraçados, podem se machucar gravemente e até morrer", conta Ziebarth.
Peixes confundem plástico com alimento
Partículas de lixo muito pequenas podem ser confundidas com comida. "Os animais comem esse lixo, mas não conseguem digeri-lo. Ele permanece no estômago e, nos casos mais graves, esses seres vivos podem morrer de fome ", conta a especialista.
Essa poluição pode atingir também os seres humanos. O plástico no estômago de peixes gera substâncias tóxicas, que acabarão contaminando as refeições. "Essas substâncias estão presentes na cadeia alimentar marinha", afirma Kim Detloff, do alemão Grupo de Proteção da Natureza (Nabu).
Na Alemanha, a agência federal de meio ambiente e organizações não governamentais propuseram proibir que lojas disponibilizem sacolas plásticas de graça para seus consumidores. A grande maioria dos supermercados no país já adota a medida. O Partido Verde sugeriu um valor de 0,22 euro por sacola.
Em muitos países a proibição já existe. Na Irlanda, por exemplo, onde a sacola é vendida por 0,90 euro, o consumo diminuiu para 18 sacolas ao ano por pessoa. No Quênia e em Uganda, sacolas finas foram proibidas, e as permitidas custam caro. Em outros países da África, como Ruanda e Tanzânia, há sete anos as sacolas não estão mais disponíveis nas lojas, assim como em Bangladesh e Butão.
Para o Nabu, somente essa medida não é suficiente para resolver o problema. "Nós precisamos reduzir o consumo de plástico – o que começa com os produtos que podem ser reutilizados e consertados – e, principalmente, reduzir as embalagens plásticas", afirma Detloff. Segundo o especialista, a reciclagem e a gestão dos resíduos também precisam ser melhoradas.