Tensão na fronteira
30 de agosto de 2011Depois da confirmação de que a esposa de Muammar Kadafi, três filhos e netos do ditador teriam cruzado a fronteira da Líbia para a Argélia, os rebeldes líbios acusam o país vizinho de ato de agressão e exigem o retorno dos fugitivos.
"Nós prometemos um julgamento justo a todos os criminosos e, por isso, consideramos isso uma agressão", disse nesta terça-feira (30/08) Mahmud Shammam, porta-voz dos insurgentes líbios, à agência de notícias Reuters.
A esposa de Kadafi, Safia, a filha Aisha e os filhos Hannibal e Mohammed entraram na Argélia na manhã desta segunda-feira, informou o Ministério do Exterior do país.
O fato ameaça criar uma contenda diplomática, já que o Conselho Nacional de Transição (CNT) trabalha para se impor como o novo governo da Líbia. Representantes do CNT informaram que vão pedir a extradição da família do ex-ditador.
"Salvar a família de Kadafi não é um ato que nós saudamos e para o qual tenhamos compreensão", disse Shamman. Ele acusou o governo argelino de ter dado um passaporte à família Kadafi, para ingresso num terceiro país. "Nós podemos assegurar aos nossos vizinhos que queremos ter com eles as melhores relações, mas estamos determinados a prender e julgar a família de Kadafi e o próprio Kadafi", disse o porta-voz.
O paradeiro do ex-líder líbio continua desconhecido desde que os rebeldes ocuparam a capital, Trípoli. A revolução, que já dura seis meses, encerrou os 42 anos de regime de Kadafi na semana passada, mas, segundo os insurgentes, a vitória só será declarada depois que o ditador for encontrado.
Caçada
A liderança rebelde quer que Kadafi e seus colaboradores respondam por seus atos na Justiça. "Estamos alertando todos para que não escondam Kadafi e seus filhos. Nós estamos atrás deles, para encontrá-los e prendê-los", afirmou Shamman.
O porta-voz do CNT também disse ter recebido informações de que a família do ex-líder líbio ficará na Argélia até que consiga ir para outro país. "Eles estão tentando ir para outro país, possivelmente no Leste Europeu", adicionou.
O chefe do CNT, Mustafa Abdel Jalil, pediu ao governo argelino – que ainda não reconheceu o Conselho como representante legítimo do povo líbio – que coopere e entregue os filhos de Kadafi que estão na lista de procurados.
No campo de batalha
O movimento rebelde divulgou que Khamis, o filho mais novo de Kadafi, teria morrido durante um confronto ao sul de Trípoli. A informação, no entanto, ainda não foi confirmada por fontes independentes.
Segundo relatos, Khamis Kadafi e Abdullah Senoussi, chefe do serviço de inteligência durante o regime, foram mortos no último sábado. Khamis, de 28 anos, comandava uma das tropas pró-Kadafi.
NP/dpa/rts/afp
Revisão: Alexandre Schossler