Rebeldes assumem controle de terceira maior cidade do Iêmen
22 de março de 2015Numa escalada no conflito pelo poder no Iêmen, rebeldes do grupo xiita houthi assumiram neste domingo (22/03) o controle da terceira maior cidade do país, Taiz, localizada a cerca de 250 quilômetros ao sul da capital, Sanaa.
Moradores de Taiz disseram que milícias houthi tomaram o aeroporto militar local sem grande resistência das autoridades no final do sábado. Testemunhas na província central de Ibb relataram ter visto dezenas de tanques e veículos militares rumo a Taiz, partindo de áreas controladas pelos houthi.
Segundo autoridades, milhares de manifestantes saíram às ruas de Taiz em protesto contra a tomada da cidade. Ativistas disseram que atiradores houthi dispararam para o ar para dispersar os protestos contra a presença do grupo.
A invasão ocorreu dois dias após os ataques a duas mesquitas em Sanaa: quatro homens-bomba detonaram explosivos em meio a centenas de fiéis xiitas, deixando pelo menos 142 mortos e 350 feridos.
Taiz fica entre Sanaa e a segunda maior cidade do país, Aden, no sul do país, onde o presidente iemenita, Abd Rabbuh Mansur al-Hadi, buscou refúgio em fevereiro, depois que os rebeldes assumiram o controle da capital, e instalou uma base de apoio.
Retirada americana
A crescente onda de violência também levou os Estados Unidos a anunciarem no sábado a retirada de todos seus funcionários do Iêmen, inclusive os das forças de operações especiais, por razões de segurança. A retirada representa um grande retrocesso no combate ao grupo terrorista Al Qaeda na Península Árabe (Aqap), braço da organização na região.
"Devido à deterioração da segurança no Iêmen, o governo dos Estados Unidos vai retirar temporariamente seu pessoal do país", informou em comunicado o porta-voz do Departamento de Estado, Jeff Rathke.
Mas, apesar da retirada, Washington afirmou que continuará monitorando as ameaças terroristas na região e tem capacidade para resolvê-las. Com ataques realizados por drones, os americanos coordenavam no Iêmen o combate à corrente da Al Qaeda no país.
Conflitos intensos
Desde quinta-feira, aviões das milícias houthi bombardeiam o palácio presidencial de Aden, na sequência dos violentos combates no aeroporto entre forças partidárias e opositoras do presidente.
Diante da escalada do conflito, o Conselho de Segurança da ONU se reúne em sessão extraordinária neste domingo para debater sobre o conflito iemenita. A reunião foi um pedido do presidente Al-Hadi, que apela para que o conselho intervenha de todas as maneiras possíveis para acabar com o confronto e evitar um golpe no país.
As disputas sectárias no Iêmen vêm ganhando contorno de guerra civil desde o ano passado, quando os houthis, apoiados pelo Irã, tomaram parte do norte do país, incluindo a capital, Sanaa.
CN/afp/rtr/ap/lusa