Rajoy prevê recessão, apesar de ajuda aos bancos espanhóis
10 de junho de 2012O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, afirmou neste domingo (10/6), que as reformas do seu governo evitaram a necessidade de resgate financeiro do país. "Se não tivéssemos feito o que fizemos nos últimos cinco meses, a proposta de ontem teria sido um resgate do Reino da Espanha", disse o premiê.
A declaração acontece um dia depois de a Espanha concordar em receber "ajuda financeira" da zona do euro, no valor aproximado de 100 bilhões de euros, para recapitalizar seu avariado setor bancário. Rajoy não prevê uma recuperação imediata da conjuntura e salienta a expectativa de aumento no índice de desemprego e a permanência do país na crise por mais três anos.
O primeiro-ministro disse que a decisão de aceitar a injeção de capital foi bastante difícil de ser tomada, mas se recusou a chamar a medida de um "resgate financeiro", afirmando que o caso espanhol difere dos da Grécia, Itália e Portugal.
Otimismo
O pacote de resgate poderia superar 100 bilhões de euros, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) não irá participar da operação, conforme declararam os ministros das finanças da zona do euro. Os recursos investidos são do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, saudou o fato de o governo espanhol ter decidido recapitalizar os bancos do país "com recursos do FEEF e do MEE, atendendo condições específicas". A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, também elogiou o pacote, afirmando que a organização que encabeça "aguarda o convite do Grupo do Euro para apoiar a implementação (do plano) e monitorar a assistência financeira."
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, classificou a medida como um "progresso importante" e expressou apoio ao que chamou de "passos concretos no caminho da união financeira".
Ceticismo
O presidente do Banco Central Alemão, Jens Weidmann, revelou todo o seu ceticismo com o modelo em vigor na zona do euro, em entrevista concedida ao jornal alemão Welt am Sonntag. Ele diz que a atual constituição do bloco econômico não tem qualquer futuro. "É necessário maior clareza para definir se queremos seguir o caminho de uma união fiscal ou se continuaremos com políticas orçamentárias nacionais autônomas", opina.
Para Weidmann, caso seja escolhida a segunda opção, "as responsabilidades comuns deveriam ser mais restritas". Conforme reportagem da revista Spiegel, as instituições europeias preparam uma união fiscal, que não permite aos países-membros a contração de novas dívidas de forma autônoma. Os governos teriam livre acesso apenas aos recursos financeiros provenientes de suas próprias arrecadações. O país que necessitar mais recursos terá de se dirigir aos ministros das Finanças dos demais membros da união fiscal.
Weidmann acredita que, apesar dos problemas atuais, não deverá ocorrer um retorno do marco alemão. "Uma desintegração da união monetária estaria vinculada a um altíssimo custo e risco incalculável. Por isso, este cenário não pode ser o objetivo das negociações das autoridades políticas", alerta o chefe do Banco Central Alemão.
MP/ap/afp/rtr
Revisão: Soraia Vilela