1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Quão perigoso é o vírus de Marburg?

Fred Schwaller
16 de fevereiro de 2023

Febre hemorrágica faz vítimas na África Ocidental. Após primeiro registro em 1967, numa cidade alemã, surtos do patógeno aparentado ao ebola têm sido raros. Sem tratamento, quase 90% dos casos são fatais.

https://p.dw.com/p/4NbpA
Ilustração do vírus de Marburg
Vírus de Marburg foi detectado pela primeira vez 1967 na Alemanha, e é um dos mais contagiosos que existemFoto: Science Photo Library/IMAGO

O primeiro surto do altamente contagioso vírus de Marburg na Guiné Equatorial (África Ocidental) deixou pelo menos nove mortos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Foram registrados outros casos suspeitos, inclusive dois em Camarões.

Quais são os sintomas do vírus e como se transmite?

Pertencente à família do ebola, o vírus de Marburg é um dos patógenos mais perigosos atualmente conhecidos. Ele se dissemina muito rapidamente no organismo humano, infectando e destruindo células do sangue, fígado e pele.

Após o contágio, fica incubado por cinco a dez dias, até que o paciente é subitamente acometido de febre, dor-de-cabeça e dores musculares, assim como sangramento da pele e mucosas. Boca, olhos, trato gastrointestinal e órgãos internos costumam ser também afetados.

Em casos severos, pode ocorrer paralisia neurológica. Distúrbios graves de coagulação causam choque hemorrágico, resultando em colapso dos órgãos e sistema circulatório, e consequente óbito. Sem cuidados médicos intensos, a maioria dos infectados morre.

O vírus se transmite através de fluidos corporais, como sangue, urina ou saliva. Fora do organismo, porém, não sobrevive muito tempo; contágio por gotículas no ar é possível, porém extremamente raro.

Que tratamentos existem?

Quem contrai o vírus de Marburg em geral necessita cuidados médicos intensivos e tem que ficar em isolamento, devido ao alto risco de contágio. Até o momento, porém, só é possível tratar seus sintomas. Entre os tratamentos mais comumente adotados estão infusões para evitar perda de líquido, eletrólitos para repor os sais do sangue, e glucose para equilibrar os níveis de glicose.

Empregam-se também medicamentos para estabilizar a pressão sanguínea, reduzir a febre ou conter a diarreia e vômitos. Em caso de hemorragia severa, são ministrados reservas sanguíneas e agentes coagulantes.

Todas essas medidas elevam as chances de sobrevivência, porém a enfermidade continua sendo fatal em cerca de 50% dos casos. A agência de notícias AP chega a indicar 88% de mortalidade, não havendo tratamento. Os óbitos costumam ocorrer de oito a nove dias após a eclosão, geralmente em decorrência de perda grave de sangue.

Drogas antivirais como o Remdesivir têm sido empregadas em testes clínicos para tratar o ebola, e também poderão ser testadas contra a febre de Marburg, mas até o momento não há um tratamento específico nem vacina aprovada.

Entretanto existem candidatas promissoras a vacina: um consórcio fundado pela OMS após o último surto do vírus de Marburg visa promover a cooperação internacional entre indústria, governos e ciência para o desenvolvimento e aprovação de um imunizante eficaz.

Quão difundida é a febre de Marburg?

Excetuado um surto em 1967 nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt, e em Belgrado, então capital iugoslava, o vírus só tem sido documentado em casos isolados ou em epidemias de menor escala, apenas em países da África Subsaariana.

Angola, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Gabão e Uganda foram especialmente atingidos pelos vírus de Marburg e ebola. Nos últimos anos houve também ondas da febre hemorrágica na Guiné e em Gana.

Por que o vírus tem esse nome?

O patógeno leva o nome da idílica cidade à beira do rio Lahn, no estado alemão de Hessen, onde foi detectado pela primeira vez. Em 1967, diversos operários de Marburg, da capital estadual Frankfurt e de Belgrado (atual capital da Sérvia, então na República Socialista da Iugoslávia) infectaram-se com o vírus através de um macaco importado de Uganda.

É provável que diversas espécies de morcegos sejam vetores e reservatórios naturais dos vírus de Marburg e ebola, que se transmitem para símios ou humanos pelo contato ou por fluidos corporais. O consumo de animais selvagens infectados pode também resultar em contágio.