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“Quero mudar o mundo com a arquitetura"

Andrea Bickerich
8 de abril de 2021

[Vídeo] Defensora da argila, a premiada arquiteta Anna Heringer é considerada pioneira em construção sustentável.

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Anna Heringer descobriu a paixão pelo barro e pelo uso de recursos locais aos 19 anos, durante um intercâmbio em Bangladesh. Alguns anos depois, ela projetou uma escola em Rudrapur, com a qual ganhou seu primeiro prêmio. Desde então, segue construindo com argila - inicialmente na Ásia e na África.

A argila garante um clima agradável na parte interna do edifício. Na Alemanha, ela é mais cara do que materiais de construção convencionais e também não tem uma fama muito boa. Porém, traz muitas vantagens: armazena calor, absorve substâncias nocivas e não agride o meio ambiente. “Além disso, a argila é solúvel em água. E essa é uma propriedade muito importante porque ela pode retornar facilmente ao seu estado natural. Também pode ser consertada com facilidade. Se quebra um canto em algum lugar, então você umedece o pedaço que falta e o pressiona no lugar original. Ninguém vai notar a diferença. A argila pode ser reciclada sem perder a qualidade e está disponível em todos os lugares, sob os nossos pés. Basta ter sensibilidade para valorizá-la e criatividade para utilizá-la”, defende a arquiteta.

O conceito dela de construção sustentável é requisitado mundo afora. Anna Heringer também dá aulas em Harvard, além de universidades em Munique e Zurique, e gerencia o próprio escritório de arquitetura. Depois de muitos anos de obras no exterior, Anna começa a fazer projetos na Alemanha, como um altar de barro para a Catedral de Worms.  E em 2016, ela ergueu sua primeira construção de argila na Europa: uma sala de parto na cidade de Vorarlberg, na Áustria. “É fascinante a diversidade de nuances maravilhosas que a argila tem – do avermelhado, amarelado ao marrom escuro. Não há mais a necessidade de produtos químicos. O problema no nosso país é que a alternativa química é sempre mais barata. Isso é algo que definitivamente tem que mudar!”

Para ela, ainda há muito caminho pela frente: “Minha esperança é de que a arquitetura seja uma ferramenta para melhorar as condições de vida, fortalecer a justiça social, a diversidade cultural e garantir que o planeta seja habitável para as gerações futuras.”