1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Quando Mickey Mouse entrou na campanha eleitoral alemã

20 de setembro de 2021

Terceiro debate entre Olaf Scholz, Annalena Baerbock e Armin Laschet transcorre com poucas novidades, exceto uma curiosa menção ao famoso camundongo da Disney.

https://p.dw.com/p/40Y0y
Scholz, Baerbock e Laschet nos estúdios da ProSieben e Sat1
Scholz, Baerbock e Laschet no terceiro e último deabte antes da eleiçãoFoto: Prosieben/Seven.One/dpa/picture alliance

Na semana final da campanha para a eleição do Bundestag (Parlamento), com 40% dos eleitores ainda indecisos, segundo pesquisas, os três candidatos à sucessão da chanceler federal Angela Merkel se encontraram para o terceiro e último debate antes do pleito, na noite deste domingo (19/09), nas emissoras privadas ProSieben e Sat1.

Desta vez, as orelhas do candidato do Partido Social-Democrata (SPD), Olaf Scholz, não enrubesceram, ao contrário do debate da semana anterior, quando Scholz se irritou com os ataques. Naquele debate, Scholz foi atacado pelo conservador Armin Laschet, candidato da União Democrata Cristã (CDU) e da União Social Cristã (CSU), por causa de falhas no órgão responsável por combater a lavagem de dinheiro, subordinado ao Ministério das Finanças, que é comandado por Scholz.

Política social em primeiro plano

O terceiro "trielo" entre os candidatos foi, em comparação com o anterior, bem mais tranquilo. E isso certamente porque as investigações dos promotores públicos no órgão de fiscalização da lavagem de dinheiro, que há dez dias levaram a um mandado de busca e apreensão, quase não foram mencionadas.

Em vez disso, as duas jornalistas que comandaram o debate se concentraram quase que exclusivamente em temas sociais, como justiça social, combate à pandemia e digitalização. Política externa e de segurança ficaram de fora, assim como a política europeia.

E, nas questões sociais, o que se sobressaiu foi a disposição de Scholz e da candidata do Partido Verde, Annalena Baerbock, de formarem uma coalizão de governo. Em aberto está com qual terceiro parceiro: o Partido Liberal Democrático (FDP) ou o socialista A Esquerda.

SPD e Partido Verde querem elevar o salário mínimo, que na Alemanha é definido por hora de trabalho, para 12 euros por hora. Também querem melhorar a situação financeira das famílias, com mais recursos para quem tem filhos. Scholz destacou que isso beneficiaria 10 milhões de pessoas na Alemanha.

Estatísticas mostram que 5% dos trabalhadores alemães precisam de dois empregos para se manter. Uma matéria exibida durante o debate mostrou uma mãe solteira que trabalha 50 horas por semana em dois empregos, como entregadora de pacotes e numa loja de conveniência. Ela quase não tem tempo para a própria filha.

A CDU, ao contrário, é contra elevar o salário mínimo. Laschet argumentou que salários devem ser definidos em acordos entre patrões e sindicatos e que o governo não deve se meter.

Mudanças climáticas

O momento mais curioso do debate ocorreu na introdução do tema mudanças climáticas. A jornalista Linda Zervakis mostrou uma revista em quadrinhos de Mickey Mouse, de 1993, que abordava o tema destruição das florestas tropicais. "Já há 30 anos, Mickey Mouse se ocupava das mudanças climáticas", declarou, observando que a CDU, ao que tudo indica, não costuma ler quadrinhos do célebre camundongo da Disney. Laschet rebateu que, já em 1993, um político da CDU, então ministro do Meio Ambiente, tinha esse tema entre suas prioridades. Mas o candidato de Merkel não conseguiu se sair tão bem nesse assunto como sua concorrente do Partido Verde.

Baerbock reforçou sua posição a favor de um governo pró-meio ambiente. Ela disse que os motores de combustão (gasolina e diesel, por exemplo) devem ser banidos a partir de 2030 e que a Alemanha precisa abandonar a energia a carvão mais cedo do que o previsto. "Não podemos afirmar que estamos cumprindo o acordo do clima de Paris e, ao mesmo tempo, esperar mais 17 anos para parar de produzir energia a partir de carvão", afirmou, em alusão à perspectiva definida no atual governo, que Scholz e Laschet representam.

Laschet rebateu que teria sido melhor abandonar primeiramente o carvão e só depois a energia nuclear. Foi um erro ter feito o contrário, afirmou. Scholz observou que a indústria alemã precisa alcançar a neutralidade de carbono nos próximos 25 anos. Para isso é importante construir novas redes de transmissão e incentivar as energias renováveis. Se for eleito chanceler, ele disse que, já no primeiro ano, quer definir metas obrigatórias para esses dois aspectos.

Scholz, de novo, saiu vencedor

Pouco antes do fim do debate, Armin Laschet tentou retomar as acusações contra Scholz. A oportunidade surgiu quando as jornalistas deram aos candidatos a chance de fazerem uma pergunta a um outro candidato. Laschet perguntou a Baerbock o que ela espera de Scholz durante o debate desta segunda-feira, na Comissão de Finanças do Bundestag, sobre as investigações do escândalo da lavagem de dinheiro. Ela respondeu apenas: "Total transparência." Nada, portanto, que fizesse as orelhas de Scholz enrubescerem.

Para o eleitor, o terceiro debate não trouxe nada de realmente novo. Laschet, Scholz e Baerbock repetiram posições já conhecidas, expostas nos debates anteriores e em entrevistas à imprensa. Uma pesquisa divulgada logo após o debate, feita pelo Instituto Forsa, mostrou que 42% dos entrevistados considerou que Scholz foi o vencedor do "trielo", resultado semelhante ao dos debates anteriores. Outros 27% optaram por Laschet, e 25%, por Baerbock.