Príncipe Andrew vira centro de escândalo sexual
21 de novembro de 2019O príncipe Andrew do Reino Unido comunicou nesta quarta-feira (20/11) que decidiu se afastar da vida pública após o agravamento da controvérsia em torno de seu envolvimento com o milionário americano Jeffrey Epstein, acusado de criar uma rede de exploração sexual de menores nos Estados Unidos.
Andrew, que é filho da rainha Elizabeth 2ª, nega acusações de que teria mantido relações com uma adolescente de 17 anos, que lhe teria sido apresentada por Epstein, e de participar de uma orgia promovida pelo milionário. O americano, acusado de uma série abusos contra menores de idade, se suicidou na prisão em agosto deste ano enquanto aguardava julgamento.
Em 2015, a jovem Virginia Giuffre disse ter sido forçada a manter relações sexuais com Andrew em Londres, Nova York e em uma ilha particular no Caribe, entre 1999 e 2002, período em que afirma ter sido mantida como "escrava sexual" pelo milionário.
O escândalo envolvendo Andrew, de 59 anos, se agravou após uma entrevista concedida por ele à emissora britânica BBC, na qual muitos consideraram insatisfatórias as suas explicações sobre seu envolvimento com Epstein.
Na entrevista, Andrew negou que a tivesse conhecido Giuffre há quase duas décadas em Londres em uma boate, dizendo que estava com a família naquele momento. As explicações foram consideradas pouco convincentes pela imprensa britânica.
Em vez de jogar luz sobre as acusações, a entrevista concedida por Andrew gerou novos questionamentos e levou empresas a retirarem apoio a organizações e entidades de caridade associadas ao príncipe e a um esquema promovido por ele para ajudar jovens empreendedores do ramo da tecnologia.
"Ficou claro para mim nos últimos dias que as circunstâncias relacionadas à minha antiga associação com Jeffrey Epstein se tornaram uma enorme perturbação para o trabalho da minha família", disse o príncipe em comunicado divulgado pelo Palácio de Buckingham.
"Assim sendo, pedi à Sua Majestade para me afastar dos serviços públicos no futuro próximo, e ela me concedeu sua permissão", disse o Duque de York. "É claro que estou apto a contribuir com quaisquer órgãos legais em suas investigações, caso seja requisitado a fazê-lo."
"Continuo a me arrepender inequivocamente de minha infeliz associação com Jeffrey Epstein", dizia o comunicado. "Seu suicídio deixou muitas perguntas sem resposta, em particular para as vítimas. Expresso minha profunda simpatia para com todos aqueles que foram afetados e que aguardam alguma espécie de conclusão."
Entretanto, os advogados do milionário acusaram o príncipe de demonstrar pouca compaixão para com as vítimas de abuso.
A advogada Lisa Bloom, que representa cinco vítimas de Epstein, disse que Andrew deve falar com todos os que investigam as alegações, inclusive com ela própria.
"Todos os que trabalham com o príncipe Andrew devem se prontificar a dar informações e provas, e os documentos devem ser entregues – e-mails, mensagens, calendários, registros telefônicos e de viagem – para que possamos investigar isso a fundo", afirmou.
Ela disse que não descarta a possibilidade de que o príncipe seja intimado a depor em juízo. "Acreditamos que ninguém está acima da lei e que todos devem responder se possuírem informações relevantes, e ele claramente possui informações relevantes", afirmou.
Andrew, o oitavo na linha de sucessão ao trono britânico, já havia deixado sua função de embaixador itinerante dos negócios de seu país em 2011, após se tornar alvo de críticas por sua associação com Epstein, logo após a prisão do americano em 2008 por ofensas sexuais a menores de idade.
Na entrevista à BBC, divulgada em 16 de novembro, o príncipe disse não se arrepender de sua amizade com Epstein, devido às "oportunidade que recebeu de aprender" sobre negócios e às pessoas que conheceu, mas classificou seu último encontro com o milionário, em 2010, de "decisão equivocada".
Andrew sempre afirmou ter conhecido Epstein em 1999, através da então namorada do milionário, a socialite Ghislaine Maxwell. O príncipe disse ter se encontrado com Maxwell neste ano, antes de Epstein ser preso e acusado de tráfico sexual, e que o milionário não foi tema da conversa.
O príncipe ressaltou diversas vezes durante à entrevista à BBC que ele e Epstein não eram "tão próximos assim" e que o americano foi convidado para eventos no Castelo de Windsor e em Sandrigham na condição de acompanhante de Maxwell, e não como um amigo seu.
RC/rtr/afp
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