Prêmio Carlos Magno 2011
5 de dezembro de 2010O Prêmio Carlos Magno de Aachen é concedido anualmente, desde 1950, a personalidades que tenham se destacado no processo de unificação do continente europeu. Winston Churchill, Bill Clinton, o rei Juan Carlos da Espanha, Helmut Kohl e François Mitterrand estão entre os agraciados.
Neste ano, o escolhido para receber a condecoração na antiga capital do império carolíngio, em 2 de junho próximo, foi o francês Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE) e guardião da estabilidade do euro.
Há quase uma década, em 2002, o prêmio foi outorgado à própria moeda comum europeia. Na época, a condecoração foi recebida de forma simbólica pelo então presidente do BCE, Wim Duisenberg.
"Garantia de paz para a Europa"
No contexto da crise de endividamento em diversos países da União Europeia, o anúncio da premiação foi vinculado – pela primeira vez – a uma reivindicação aos políticos. "A Europa deve se atrever a empreender uma união política, juntamente com uma política econômica, financeira e orçamentária comum", disse Jürgen Linden, porta-voz do diretório do prêmio.
"O diretório vê o euro em perigo e concorda com a chanceler federal alemã, Angela Merkel: 'Fracassando o euro, fracassa a Europa'", disse Linden. O porta-voz informou que a deferência a Trichet seria um sinal para que o BCE continue zelando pela estabilidade da moeda única europeia.
Para o grêmio de premiadores, o euro teve uma história de sucesso desde sua introdução até os dias de hoje; e, atualmente, a garantia para tal seria Trichet. Além de responder pela independência do BCE, Trichet seria um grande europeu, por demonstrar que o euro não é somente um meio de troca, mas um instrumento de grande valor, "uma garantia de paz para a Europa", justificaram os responsáveis pelo prêmio.
Sinal certo
Por seu gerenciamento da crise financeira e por sua prudente política cambial, o cauteloso presidente do Banco Central Europeu já recebeu diversos elogios e fez jus ao seu papel de verdadeiro "bom pastor" do euro. Por diversas vezes, ele reduziu a taxa básica de juros, para se contrapor ao acirramento da crise financeira e diminuir riscos para a estabilidade de preços.
Em 2003, Trichet assumiu o cargo de presidente do BCE, exercendo-o por oito anos. Seu antecessor, o holandês Wim Duisenberg, foi o primeiro chefe da instituição com sede em Frankfurt. Sem filiação partidária, Jean-Claude Trichet é considerado alguém que não cede à pressão política mesmo em tempos de crise.
Autor: Carlos Albuquerque / Ulrike Zimmermann
Revisão: Simone Lopes