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Protestos pró-Dilma nos 26 estados e no DF

1 de abril de 2016

Maior manifestação ocorreu em Brasília, segundo os organizadores, para pressionar diretamente a Câmara e o Senado. Lula diz que o país "está mostrando o quanto valoriza a democracia".

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Brasilien Demo in Sao Paulo für Unterstützung von Dilma Rousseff
Manifestação na Praça da Sé, no centro de São PauloFoto: Agencia Brasil

Dezenas de milhares de manifestantes contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff protestaram nesta quinta-feira em diversas cidades do país em favor da democracia e contra o que afirmam ser um golpe para derrubar o governo.

As manifestações, ocorridas nas 26 capitais estaduais e no Distrito federal, foram organizadas por mais de 60 sindicatos e movimentos sociais. Ao menos 75 cidades em todo o país registraram atos contra o afastamento da presidente.

Desta vez, o centro dos protestos foi em Brasília, e não São Paulo. Segundo os organizadores, a intenção era pressionar os deputados e senadores na própria capital federal. Os movimentos sociais afirmaram que 200 mil pessoas estiveram presentes na manifestação na Esplanada dos Ministérios. Segundo estimativas da Policia Militar, o total seria de 50 mil.

Em São Paulo, os protestos se concentraram ao redor da Praça da Sé, na região central da cidade. A manifestação foi organizada pela Frente Brasil Popular, que reúne mais de 60 organizações. Segundo o Datafolha, cerca de 40 mil pessoas – 60 mil, segundo os organizadores – participaram do ato.

No Rio de janeiro 80 mil pessoas, segundo os organizadores, estiveram presentes no Largo da Carioca, na região central da cidade. Um dos destaques foi a participação do compositor Chico Buarque, que lembrou o golpe militar de 1964 e pediu a "defesa intransigente da democracia". "De novo não, não vai ter golpe", afirmou o cantor.

Também foram ouvidos gritos e cartazes contra o vice-presidente Michel Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o juiz federal Sérgio Moro, que concentra em primeira instância os processos da operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.

Lula: "Impeachment sem base legal é golpe"

O Instituto Lula divulgou na rede social Twitter um vídeo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, no qual ele afirma que o país "está mostrando o quanto valoriza a democracia" e diz que não há base legal para o impeachment de Dilma.

"A presidente Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade, e impeachment sem base legal é golpe", afirma Lula no vídeo. Sua presença era aguardada na manifestação em Brasília, mas o Instituto Lula informou que ele não participaria de nenhum dos atos desta quinta-feira.

Os protestos a favor de Dilma e contra o impeachment acontecem enquanto tramita no Congresso um processo de impedimento que acirrou ainda mais a tensão política, em meio à forte recessão econômica e baixa popularidade da presidente, além das investigações da operação Lava Jato contra a corrupção.

O atual quadro levou centenas de milhares de pessoas a protestarem em várias cidades do país contra o governo no último dia 13, no que foi considerada a maior manifestação popular já registrada no Brasil. As manifestações favoráveis ao governo no dia 18 reuniram centenas de milhares em todo o país.

A presidente, que nega ter cometido crime de responsabilidade que justifique um impeachment, adotou como estratégia de defesa chamar o processo de impedimento em curso no Congresso de golpe, e voltou a repetir o discurso em evento mais cedo nesta quinta-feira no Palácio do Planalto.

“Para cada momento histórico o golpe assume uma cara. Nos processos que a América Latina passou nos anos 1960, 1970 e 1980, a forma tradicional era a intervenção militar", disse a presidente, que foi presa e torturada durante o regime militar. A quinta-feira marcou o 52º aniversário do golpe que deu início à ditadura militar no país.

"Agora a forma está sendo a ocultação do golpe através de processos aparentemente democráticos. Se usa um pedaço da democracia. Estão tentando dar um colorido democrático a um golpe porque não tem base legal”, completou Dilma

RC/abr/rtr/ots