Protesto em Colônia apoia manifestações no Brasil
22 de junho de 2013Mais de 500 pessoas se juntaram ao protesto na cidade de Colônia, no oeste da Alemanha, neste sábado (22/06), em apoio às manifestações que tomaram as ruas em todo o Brasil nas últimas semanas. A polícia alemã acompanhou os manifestantes por todo o trajeto, e o protesto, convocado pelo Facebook, transcorreu sem incidentes.
Com bandeiras e camisas do Brasil, cartazes de protesto e entoando palavras de ordem, os manifestantes se encontraram em frente à Catedral da cidade – o principal símbolo de Colônia, no estado da Renânia do Norte-Vestfália. A cidade abriga uma das maiores comunidades brasileiras da Alemanha.
Gabriela Zopolato, uma das organizadoras do ato, diz que o protesto reuniu brasileiros e estrangeiros interessados em demonstrar solidariedade aos manifestantes no Brasil.
“Queremos incentivar as pessoas a irem às ruas, a se manifestarem. Não nos posicionamos contra nenhum governo, mas entendemos que é o povo quem precisa fazer a política”, frisou a estudante de engenharia mecânica na Universidade de Duisburg-Essen.
A universitária se mostra confiante quanto às mudanças que a movimentação – no Brasil e no exterior – podem trazer à política brasileira.
“Querendo ou não, a mudança já aconteceu no comportamento do povo. Um povo que antes era conformado e que agora está se manifestando. Isso com certeza já traz uma mudança, pois as pessoas vão exigir os seus direitos e fiscalizar o governo a partir de agora”, diz Zopolato. “É muito importante esse papel da sociedade na política. Vemos muito isso na Alemanha, por exemplo.”
A organizadora do protesto acredita que é preciso pautar reivindicações específicas. “Não adianta ficar pedindo por tudo ao mesmo tempo. Precisamos propor soluções para o que a gente quer. É, sim, saúde, educação, segurança, transporte de qualidade, infraestrutura para o país. É tudo, mas tem que ser um de cada vez, com organização”, frisa a estudante, que veio para a Alemanha por meio do Programa Ciência Sem Fronteiras.
Discurso da Dilma Rousseff
A terapeuta familiar Ida Schrage, que veio exilada para a Alemanha na década de 1970, decidiu se juntar ao protesto deste sábado em Colônia para, segundo ela, reivindicar direitos pelos quais ela já luta há 40 anos. “Este é o processo democrático. O povo está aprendendo a não ser mais passivo, a não ter medo, a defender seus direitos.”
Schrage, que foi anistiada no ano passado, em São Paulo, elogiou o pronunciamento feito pela presidente Dilma Rousseff, em cadeia nacional, nesta sexta-feira. “Ela tem mesmo interesse em mudar a situação do país. Só que existem ainda muitas forças de oposição”, observa.
O alemão Marco Schäfer, que já morou no Brasil, elogiou a maneira como os protestos estão sendo conduzidos e a reação do governo federal. “Quando a gente compara com manifestações realizadas em outros países [como no norte da África e na Turquia], a situação no Brasil é melhor. O discurso da presidente foi democrático, não foi contra o povo”, pondera. “Fico feliz pelo fato de as pessoas terem se manifestado. Podemos esperar que uma mudança finalmente vá acontecer.”
Apoio internacional
A manifestação em Colônia teve reforço de manifestantes em prol da causa turca. Durante cerca de meia hora, os dois grupos – brasileiro e turco – cantaram em uníssono pela democracia e pelos direitos civis.
A marcha brasileira foi aplaudida por alemães e turcos que assistiam à passeata. Comunidades brasileiras no exterior organizaram manifestações em mais de 40 cidades de 14 países.
Na Alemanha, além do protesto deste sábado, já ocorreram manifestações nas principais cidades do país – Berlim, Frankfurt, Hamburgo e Munique – com a presença de centenas de pessoas.