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Corrida pelo Ártico

Ina Rottscheidt (rr)16 de agosto de 2007

A premiê alemã Angela Merkel presta uma visita de dois dias à Groenlândia, não só para observar a mudança climática: promessas de gigantescas reservas de gás e petróleo elevam cada vez mais o interesse pela região polar.

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Iceberg diante da cidade de Ilulissat, na GroenlândiaFoto: picture-alliance/ dpa

A chanceler federal alemã Angela Merkel parte nesta quinta-feira (16/08) em uma viagem de dois dias para a Groenlândia a convite do primeiro-ministro dinamarquês Anders Fogh Rasmussen. Para ver de perto as conseqüências diretas do aquecimento global, ambos farão uma viagem de barco ao fiorde Ilulissat, situado a mais de 300 quilômetros acima do Círculo Polar Ártico, onde uma das maiores geleiras do mundo está derretendo gradualmente.

Na ilha que pertence à Dinamarca, o aquecimento global é especialmente evidente, com as temperaturas subindo com velocidade duas vezes maior que a média mundial.

Merkel não é a primeira política a visitar a região: antes dela, lá estiveram o primeiro-ministro italiano Romano Prodi, o presidente da Comissão Européia José Manuel Durão Barroso, a porta-voz dos democratas na Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, e o candidato à presidência dos EUA, John McCain.

Interesse mundial

Mas a região vem despertando o interesse internacional não apenas devido às mudanças climáticas. Acredita-se que o Ártico seja riquíssimo em recursos minerais que, no entanto, só se vão se tornando acessíveis à medida em que o gelo derrete. Mas, segundo pesquisadores do clima, a região poderia estar isenta de gelo já a partir de 2040, não apenas permitindo a navegação, mas também tornando financiável a extração de gás e petróleo.

Em uma missão espetacular, cientistas russos fincaram, no começo de agosto, uma bandeira inoxidável de titânio da Rússia no fundo do oceano, abaixo do Pólo Norte, como uma forma simbólica de reivindicar seu poder sobre a área.

Nordpol Russland Moskau erhebt mit Expedition Anspruch auf Rohstoffe in der Arktis
Bandeira russa no fundo do marFoto: picture-alliance/ dpa

Agora também a Dinamarca enviou uma missão para o Ártico, a fim de demonstrar sua soberania, tomando como base as cordilheiras submarinas. Ainda na semana passada, também o premiê canadense Stephen Harper anunciou seus planos de construir um porto e uma base militar no Ártico.

De fato, um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos estima que cerca de 25% das reservas desconhecidas de petróleo e gás estajam situadas no Ártico. Porém muitos consideram isso apenas mera especulação. Entre os céticos está o geofísico alemão Wilfried Jodak, do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha (AWI). Segundo ele, os dados geológicos disponíveis atualmente ainda são insuficientes para constatar a existência de grandes reservatórios.

Prazo para corrida territorial é curto

"A pesquisa na região é muito onerosa e, até há poucos anos atrás, era tão pouco interessante que mal havia fundos públicos à disposição", conta Jodak, lembrando que mesmo a disputa territorial era insignificante. Só com o derretimento da calota polar é que esse interesse veio a crescer. "Os russos é que deram o pontapé inicial."

Moscou tem pressa para provar que a cadeia de Lomonossov no Oceano Glacial Ártico é um prolongamento de seu território. A Convenção da ONU sobre o Direito do Mar de 1982 garante aos Estados costeiros a exploração econômica exclusiva numa área de 200 milhas marítimas (aproximadamente 370 km).

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Isenta de gelo já em 2040?Foto: picture-alliance/ dpa

Os países que quiserem fazer novas reivindicações devem apresentar seus requerimentos de ampliação à ONU até maio de 2009, à exceção daqueles que ainda não ratificaram o documento, incluindo os Estados Unidos. Requerimentos feitos após esta data correm o risco de não serem atendidos.

Por isso, os russos têm apenas dois anos para obter o reconhecimento do prolongamento de sua placa continental. Na opinião de Jodak, isso acabou tendo um efeito dominó. "Para que as reivindicações sejam esclarecidas, caso um dia se confirme a suposição de que há ricas reservas minerais na porção norte do Ártico."

O tempo é curto para a Rússia, a Dinamarca e o Canadá, países que requerem a soberania sobre o Mar Ártico. Porém, como salienta o especialista russo Anatoli Kolodkin, do Tribunal Internacional sobre o Direito do Mar das Nações Unidas, "o Ártico não pertence a nenhuma nação isolada". Pelo contrário, é parte da "herança comum da humanidade". No entanto, a questão continua sendo a de quem detém os direitos de exploraração e extração do petróleo e do gás que supostamente existem por lá.