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Procuradoria vê indícios de três crimes de Temer

19 de maio de 2017

Presidente será investigado, com base na delação de executivos da JBS, pelos delitos de obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa. Segundo acusação, ele se associou a Aécio para frear Lava Jato.

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Temer negou qualquer tipo de ato ilícito e, na noite de quinta-feira, fez um pronunciamento descartando renunciar ao cargo
Temer negou qualquer tipo de ato ilícito e, na noite de quinta-feira, fez um pronunciamento descartando renunciar ao cargoFoto: Getty Images/AFP/A. Anholete

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, registrou indícios de três crimes ao apresentar o pedido de abertura de investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o presidente Michel Temer: obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa.

"Importante registrar que um dos delitos em tese cometidos é o de corrupção passiva, o qual, como é sabido, pressupõe justamente o exercício de cargo, emprego ou função pública por parte do agente", escreveu Janot.

A Procuradoria-Geral da República argumenta que Temer e o senador afastado Aécio Neves se articularam com outras pessoas para impedir o avanço da operação Lava Jato:

"Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos."

"Desta forma, vislumbra-se também a possível prática do crime de obstrução à Justiça", ressaltou Janot, citado no texto da decisão do ministro do STF Luiz Edson Fachin de ordenar a abertura de um inquérito para investigar Temer, Aécio e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) em função do acordo de delação dos donos do grupo JBS, Joesley e Wesley Batista.

A delação de Joesley colocou Temer no centro de um escândalo de corrupção. O empresário confessou que a JBS pagava propinas ao presidente desde 2010, segundo documentos divulgados nesta sexta pelo STF, e gravou uma conversa tornada pública na quarta-feira e que compromete diretamente o presidente.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a gravação mostra que Temer deu "aval" ao empresário Joesley Batista para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e que está preso por corrupção também no âmbito da Lava Jato.

Temer negou qualquer tipo de ato ilícito e, na noite de quinta-feira, fez um pronunciamento descartando renunciar ao cargo, apesar das pressões da oposição e de alguns setores de sua base política.

RPR/ots