Primeiro-ministro da Eslováquia apresenta renúncia
14 de março de 2018O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, anunciou nesta quarta-feira (14/03) que ofereceu sua renúncia ao cargo, em mais uma tentativa do governo de acalmar a crise política desencadeada pelo assassinato do jornalista investigativo Jan Kuciak e de sua noiva, em fevereiro passado.
"Apresentei minha renúncia ao presidente da República [Andrej Kiska]. Se ele aceitar, estou pronto para renunciar amanhã", declarou o premiê. Segundo a Constituição da Eslováquia, é o presidente que escolhe o primeiro-ministro. Ainda não está claro se Kiska, rival de Fico, aceitará a renúncia.
A condição imposta pelo premiê para deixar o cargo foi a de que seu partido, o social-democrata Smer-SD, possa escolher seu sucessor. O plano foi acordado com os líderes das outras duas legendas que formam a coalizão governista: Most Hid, da minoria húngara, e o ultranacionalista Partido Nacional Eslovaco.
A renúncia do chefe de governo é vista como uma tentativa de manter a coalizão no poder e evitar eleições antecipadas. "A convocação de novas eleições seria quase certamente acompanhada de caos e instabilidade", justificou o premiê, cujo mandato iria até 2020.
O governo eslovaco mergulhou em uma crise após a morte de Kuciak, que investigava uma possível ligação entre políticos de alto escalão do país e organizações criminosas. A polícia interrogou mais de 100 pessoas no âmbito da investigação, mas ninguém foi acusado ainda.
Os investigadores acreditam que a morte de Kuciak está "muito provavelmente" relacionada às apurações que resultaram num artigo publicado após a sua morte sobre os laços entre políticos eslovacos e a organização criminosa 'Ndrangheta, da máfia italiana.
Desde então, o país de 5,4 milhões de habitantes, membro da União Europeia e da Otan, viveu uma série de protestos da população contra o governo, que pediam a renúncia de Fico e a convocação de eleições antecipadas.
O escândalo levou ainda à renúncia, nesta segunda-feira, do ministro do Interior e vice-primeiro-ministro do país, Robert Kalinak, que também vinha sofrendo pressão para deixar o cargo. Ele disse, na ocasião, que renunciou para manter a estabilidade do governo do primeiro-ministro.
Kuciak, de 27 anos, e sua namorada foram encontrados mortos a tiros em sua casa. Ele já havia alertado a polícia que vinha recebendo ameaças, que supostamente não foram investigadas pelos órgãos de segurança, até então sob responsabilidade de Kalinak como ministro do Interior.
Diante da crise, o partido Most Hid chegou a exigir a saída de Kalinak como condição para seguir no governo. Se a legenda abandonasse a coalizão, as consequências mais prováveis seriam a formação de um governo de minoria ou a realização de novas eleições.
EK/ap/efe/rtr/dpa
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