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PolíticaFilipinas

Presidente filipino anuncia que vai deixar política

2 de outubro de 2021

Declaração é vista com ceticismo. Há especulações que Rodrigo Duterte possa lançar filha como candidata à sucessão. Comparado muitas vezes a Bolsonaro, filipino é alvo de uma investigação do Tribunal Penal Internacional

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UN Generalversammlung | Videostill: Rodrigo Duterte
Rodrigo Duterte assumiu a Presidência das Filipinas em 2016Foto: UN Web TV/AP/picture alliance

O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, anunciou neste sábado (02/10) que vai desistir de um plano de concorrer à vice-presidência nas eleições do próximo ano. Ele ainda afirmou que se vai retirar da política quando terminar o mandato, mas a declaração é vista com ceticismo. Há especulações de que isso seja uma tática para que ele venha a apoiar a candidatura de sua filha ao posto de chefe de Estado, como forma de se blindar após deixar o mandato.

"O sentimento esmagador... dos filipinos é que eu não estou habilitado e seria uma violação da Constituição passar por cima da lei, do espírito da Constituição, concorrer à vice-presidência", afirmou Duterte. "Hoje anuncio minha aposentadoria da vida política", completou.

Rodrigo Duterte anunciou a decisão após acompanhar ao centro da Comissão de Eleições um antigo assessor, o senador Christopher Lawrence Go, que, em vez disso, apresentou a sua própria candidatura à vice-presidência.

Os presidentes filipinos estão limitados pela Constituição a um único mandato de seis anos e os opositores disseram que questionariam a legalidade da anunciada candidatura, no início de setembro, de Rodrigo Duterte, de 76 anos, à vice-presidência.

Duterte também não anunciou quem apoiará como sucessor, mas vários analistas apostam na candidatura de sua filha Sara, que o protegeria de acusações criminais que podem resultar de uma investigação aberta pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por sua violenta guerra contra o narcotráfico.

Philippinen Davao | Sara Duterte
Sara Duterte, a filha do presidente filipinoFoto: LEAN DAVAL JR/REUTERS

Os dados oficiais mais recentes mostram que pelo menos 6.181 pessoas morreram em mais de 200.000 operações contra as drogas no arquipélago asiático desde 2016, mas os ativistas dos direitos humanos consideram que os números reais são muito superiores.

O estilo brutal e preconceituoso do presidente filipino já foi comparado diversas vezes ao do chefe de Estado brasileiro Jair Bolsonaro. Em 2018, publicações estrangeiras chegaram a apelidar Bolsonaro de "Duterte brasileiro".

Sara Duterte-Carpio, prefeita da cidade de Davao (sul do país), afirmou que não seria candidata se o pai disputasse a vice-presidência.

A campanha eleitoral nas Filipinas começou oficialmente na sexta-feira, com o início das inscrições de candidaturas para os 18.000 cargos em jogo.

Além da filha de Duterte, caso ela confirme a candidatura, aspiram a presidência Ferdinand "Bongbong" Marcos, filho do ex-ditador de mesmo nome, o ex-boxeador Manny Pacquiao e o ex-ator e prefeito de Manila, Francisco Domagoso, conhecido como Isko Moreno, além de outras celebridades televisivas.

jps (Lusa, AFP, Reuters)