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PolíticaBolívia

Presidente eleito da Bolívia é alvo de ataque, diz partido

6 de novembro de 2020

Luis Arce estava em reunião na sede do Movimento ao Socialismo (MAS), em La Paz, quando prédio foi atingido por uma banana de dinamite. Ninguém ficou ferido.

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Arce, de terno, usa máscara de proteção e ergue a mãe esquerda. Ele segura uma placa com seu nome.
Luis Arce venceu eleição na Bolívia com mais de 55% dos votosFoto: Juan Karita/AP Photo/picture alliance

O partido Movimento ao Socialismo (MAS) denunciou um atentado na noite desta quinta-feira (06/11) contra sua sede, em La Paz, onde se encontrava o presidente eleito da Bolívia, Luis Arce. Não há relato de feridos.

"Condenamos o ataque contra nossa sede de campanha em La Paz. Pequenos grupos tentam gerar um clima de confusão e violência, mas não terão sucesso. Não cairemos em nenhuma provocação. Nossa revolução é pacífica e democrática", escreveu nesta sexta-feira no Twitter o ex-presidente boliviano Evo Morales, que é do MAS e apoiou a candidatura de Arce.

De acordo com o porta-voz do MAS, Sebastián Michel, um grupo de pessoas detonou uma banana de dinamite em frente à sede do partido, quando Arce participava de uma reunião no interior do prédio.

Em declarações às redes Televisión Universitaria e Red Uno, Michel qualificou o acontecimento como um "ataque" e lamentou que as autoridades do governo interino não tenham se pronunciado sobre o caso ou garantido a segurança de Arce.

"Não vimos nenhuma declaração do ministro de Governo Arturo Murillo sobre o assunto. Por isso, nos sentimos à mercê de nós mesmos, totalmente desprotegidos. Ninguém nos dá a garantia necessária para a segurança de nossa autoridade", disse Michel em comunicado do MAS.

A posse de Arce como presidente da Bolívia está marcada para domingo, em La Paz. Antes do atentado, a polícia já havia comunicado que destacaria mais de 3 mil agentes para fazer a segurança do evento.

Arce venceu as eleições presidenciais de 18 de outubro com 55,1% dos votos. Anteriormente, ele foi ministro de Economia e Finanças em duas ocasiões, entre 2006 e 2017 e novamente em 2019.

Foram as segundas eleições presidenciais bolivianas em um ano. O país vivia tensão política desde o pleito de outubro do ano passado. De acordo com as autoridades eleitorais do país, Morales venceu a eleição em 2019. Porém, a oposição afirma que a votação foi fraudada, e uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou irregularidades em favor de Morales. Após pressão popular, Morales renunciou em novembro de 2019. Novas eleições foram convocadas para maio, mas foram adiadas duas vezes devido à pandemia. A oposição dividida favoreceu a eleição de Arce, apoiado pelas camadas mais pobres da população.

Grupos pedem auditoria

A vitória de Arce é amplamente reconhecida dentro e fora do país, inclusive por seus principais rivais políticos na Bolívia e pela comunidade internacional.

No entanto, alguns setores específicos estão exigindo uma auditoria das eleições, denunciando que pode ter havido fraude. O órgão eleitoral descarta a hipótese e argumenta que a confiabilidade do resultado é apoiada por observadores internacionais.

Na quinta-feira, o governo interino da Bolívia, em seus últimos dias no comando, enviou uma carta ao Supremo Tribunal Eleitoral solicitando uma auditoria das eleições, alegando desejar transmitir certeza às pessoas que foram às ruas de várias cidades protestar em rejeição aos resultados das urnas.

A carta é endereçada ao presidente do órgão eleitoral, Salvador Romero, e assinada pelo ministro interino da Presidência, Yerko Núñez. No documento, o governo menciona "expressões públicas e espontâneas" de diferentes setores do país denunciando uma suposta fraude no pleito e solicita que seja considerada uma auditoria que passaria "certeza, tranquilidade e credibilidade" à população.

Desde a semana passada, organizações de eleitores e grupos cívicos em cidades como Santa Cruz de la Sierra, La Paz e Cochabamba vêm realizando protestos, vigílias e greves.

Santa Cruz de la Sierra foi palco nesta quinta-feira de algumas vigílias em frente a instituições, como o Ministério Público, e de bloqueio de ruas, em protesto contra a posse dos novos governantes. O Comitê Pro Santa Cruz convocou uma greve regional para esta sexta-feira.

LE/efe/ots