Presidente do Burundi discursa pela primeira vez desde golpe
17 de maio de 2015Com semblante tranquilo, o presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, cumprimentou neste domingo (17/05) os jornalistas presentes no palácio presidencial na capital do país, Bujumbura, no que foi sua primeira aparição pública desde o fracassado golpe militar de quarta-feira.
Nkurunziza deu um breve discurso à multidão, sem mencionar a tentativa de derrubá-lo. Em vez disso, o presidente comentou as supostas ameaças dos militantes da organização terrorista Al Shabab, baseada na Somália e ligada à Al Qaeda, que estariam irritados com o Burundi e outros países africanos por contribuírem com tropas para a junta militar africana que combate os extremistas em território somaliano.
"Temos tomado medidas contra o Al Shabab", disse. "Nós levamos esta ameaça a sério."
O pequeno país africano tem sido abalado há semana por violentas manifestações devido à decisão de Nkurunziza pretender ficar um terceiro mandato consecutivo no cargo de presidente do país. Embora a Constituição do Burundi impeça líderes de servir por mais de dois mandatos, o presidente alega que não foi originalmente eleito por voto popular, mas pelo Parlamento – o que significaria que o primeiro mandato não conta.
Durante a visita do presidente à vizinha Tanzânia na quarta-feira, generais liderados pelo major-general Godefroid Niyombare lançaram uma tentativa de derrubar o governo. O principal aeroporto do país também foi fechado para evitar o retorno de Nkurunziza ao país.
Mas os rebeldes foram forçados a reconhecer a derrota na sexta-feira, depois de lutar contra tropas leais ao presidente e de falhar em tomar a emissora estatal.
Após o regresso na sexta-feira, Nkurunziza disse em discurso televisionado que "agora há paz em todo o país" e pediu pelo fim dos protestos.
No sábado, 17 supostos conspiradores, incluindo cinco generais, compareceram perante a Justiça sob acusações de "tentar derrubar o Estado". Niyombare, o suposto líder, disse na sexta-feira que iria se entregar, embora seu paradeiro continua desconhecido. Ao menos 20 pessoas morreram durante os protestos e centenas foram presas.
PV/dpa/afp/ap