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Fundação Zeitz

8 de dezembro de 2009

O empresário Jochen Zeitz, presidente da Puma, criou uma fundação para promover a sustentabilidade global, com Usain Bolt como patrono. Mas críticos veem aí uma mera estratégia de marketing para a Copa de 2010.

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Jochen Zeitz em abril de 2006Foto: AP

O presidente da Puma, Jochen Zeitz, está fazendo uma verdadeira maratona para divulgar seu novo projeto: Munique, Londres e Nairóbi são apenas algumas das estações que o empresário escolheu para promover a sustentabilidade global e o trabalho da Fundação Zeitz. Seu programa The Long Run busca ressaltar que "tudo o que nós, seres humanos, fazemos hoje tem um efeito de longo prazo sobre a natureza".

Zeitz é um empreendedor. Quando assumiu o comando da Puma em 1993, tinha apenas 30 anos e a tarefa de resgatar a empresa da ruína. Dezesseis anos depois, Jochen Zeitz é o presidente de uma empresa alemã de capital aberto há mais tempo no cargo. E a ideia da fundação combina com a sua imagem, afinal ele imprimiu uma consciência social e ecológica à Puma.

"Já progredimos muito. Há anos, somos cotados no Dow Jones Sustainability Index e há mais de dez anos nos preocupamos com temas ambientais e sociais, que têm um grande valor na nossa empresa", garante Zeitz.

Interesse diante da Copa?

Mas Sandra Dusch, da Iniciativa Cristã Romero, que há anos observa o cumprimento de padrões internacionais na indústria têxtil, vê a coisa de outra forma. "Em El Salvador, assim como na China, constatamos que os salários pagos pela Puma estão bem abaixo do mínimo necessário para sobreviver. Os funcionários não podem ingressar em sindicatos e, se o fizerem, são registrados em uma lista negra. E é cada vez mais difícil fazer até coisas banais, como ir ao banheiro", critica.

Usain Bolt Berlin Leichtathletik WM 2009
Jamaicano Usain Bolt é embaixador da fundaçãoFoto: AP

Ela vai ainda mais longe, a ponto de desconfiar do caráter supostamente desinteressado da fundação, atrás do qual presume se esconder uma postura calculista. "Antes da Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, fizemos um projeto piloto juntos. Tínhamos esperança de que a Puma levasse a sério sua responsabilidade social. Mas, logo após a Copa, a parceria foi encerrada. Nossa impressão é que foi uma tática da Puma para evitar críticas a sua imagem no contexto do evento", lamenta.

Estímulo milionário

Será coincidência que a Puma esteja lançando o projeto The Long Run menos de um ano antes da Copa do Mundo na África do Sul? Fato é que a empresa patrocina uma grande quantidade de equipes na África. "Mas é preciso ver isso com muito cuidado", alerta Dusch. "A Puma pode estar tentando novamente limpar sua imagem no momento certo, a fim de sair ganhando em relação à Adidas, sua principal concorrente."

Jochen Zeitz, no entanto, rebate as especulações, garantindo que se trata de uma fundação absolutamente privada. "É uma iniciativa pessoal minha, que não tem nada a ver com minha atividade profissional", adverte. Financiada com seu patrimônio pessoal, a fundação investirá cerca de 1 milhão de euros até o final do ano em incentivo ao turismo sustentável.

"Por exemplo, a fim de estimular o uso de energia solar ou eólica, em vez de óleo. Assim é possível reduzir a emissão de CO2 e diminuir o impacto negativo no turismo", explica Zeitz.

Nove destinos

Sua fundação definiu nove destinos turísticos, entre eles, o Chumbe Island Coral Park, em Zanzibar, uma ilha de corais onde o turismo de luxo, administrado localmente, foi adaptado de forma a respeitar o clima, com coleta de água da chuva, rede elétrica 100% alimentada por energia solar e banheiros compostáveis.

Suécia, Nova Zelândia, África ou América do Sul: em cada canto do mundo, a Fundação Zeitz escolheu um projeto que considera exemplar em termos de sustentabilidade, que é então distinguido com o certificado Global Ecosphere Retreat (GER).

No mais tardar aí, e por mais privada que seja a fundação, a Puma volta ao jogo. Afinal, a fundação escolheu como embaixador o atleta Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo, que está sob contrato com a Puma e se colocou à disposição da fundação. "Quero aprender muito mais sobre apagar a luz e como poupar água", disse o jamaicano de 23 anos.

"Quero ter minha própria reserva. Uma fazenda, ou algo parecido, na Jamaica. Lá tem muita terra para cuidar. Plantar novas árvores", disse Usain, decidido a ajudar a fundação. O que ele indiretamente já fez, já que muitos jornalistas presentes na coletiva de imprensa da Fundação Zeitz vieram só para vê-lo.

Autor: Taufiq Khalil
Revisão: Roselaine Wandscheer