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Porsche: 'No risk, no fun'

Zhu Hong (av)20 de setembro de 2007

Durante o Salão do Automóvel de Frankfurt (IAA) a DW-WORLD falou com o chefe da montadora Porsche, Wendelin Wiedeking. Entre os temas: tecnologias ambientais, consciência social e o lazer de um grande empresário.

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Wiedeking apresenta o Porsche 911 GT 2 na IAA 2007Foto: AP

DW-WORLD: O slogan do Salão do Automóvel de Frankfurt (IAA) é "Ver o que moverá amanhã". O que se vê na Porsche?

Wendelin Wiedeking: A Porsche está representada no IAA com automóveis muito modernos, que combinam prazer de dirigir e consciência ambiental. A gama vai desde o 911GT2, a versão topo de linha da série 911, passando pelo 911 conversível turbo com 480 cv, o Cayenne GTS – variante esportiva da série, com um consumo bastante reduzido– até o Cayenne Hybrid, que faz mais de 11 quilômetros por litro. Quer dizer, pode-se esperar muito da Porsche no futuro.

Antecipando a feira deste ano, o tom das discussões quanto ao limite das emissões de dióxido de carbono ficou cada vez mais exaltado. O senhor tem uma concepção melhor?

A indústria automobilística não é a maior emissora de CO2, embora se insista nesta imagem. Na Alemanha, os automóveis são responsáveis por menos de 12% das emissões de gases-estufa. Nos últimos anos, os fabricantes têm trabalhado continuamente sobre temas ambientais.

Entre 1970 e 2006, as emissões de poluentes foram reduzidas em 98%! A Porsche tem reduzido anualmente as suas emissões em 1,7%, nos últimos 15 anos, e seguiremos neste caminho, através de modernos projetos de motores e automóveis. No momento, empregamos em pesquisa e desenvolvimento mais de 10% de nosso faturamento anual.

A indústria automotiva não é tão má quanto a sua fama. Acho que no momento se trata de uma discussão vicariante. Isso tem a ver com inveja e com o fato que é mais fácil argumentar em relação aos automóveis.

Como se conciliam consciência ambiental e carros esporte potentes?

Graças a pesquisas abrangentes, nossos atuais carros esportivos apresentam os níveis mais baixos de CO2 por cavalo-vapor. Se nossas tecnologias fossem aplicadas em carros de pequeno e médio porte, estes poderiam tornar-se bem mais ecológicos. Na qualidade de fabricante alemão de veículos de alta classe, faz parte de nossa estratégia investir dinheiro e experimentar tecnologias que possam ser empregadas nas categorias mais populares.

Um bom exemplo é a tecnologia de freios ABS, introduzida há muitos anos pela Mercedes Benz, na época, envolvendo custos altíssimos, também para os clientes. Hoje em dia a ABS é muito difundida. Quer dizer, precisamos da variedade de oferta – carros de topo de linha, classe média e pequeno porte – para que a indústria automobilística, como um todo, avance tecnologicamente.

O que acha de um novo imposto sobre veículos automotores com base nas emissões?

Não teríamos nenhum problema com um imposto que se orientasse pelas emissões de CO2, se esta é a vontade política. O Estado só não deveria ceder à tentação de querer arrecadar ainda mais impostos.

Muitos tendem, vez por outra, a "demonizar" o automóvel. No entanto, todos os orçamentos públicos – independente de o país produzir carros ou não – vivem, em grande parte, do automóvel, especificamente através dos impostos sobre valor agregado e sobre combustíveis.

O senhor se tornou diretor-presidente da Porsche em 1993. Na época a empresa se encontrava em profunda crise. Hoje, os êxitos se sucedem. Qual é sua receita de sucesso?

Deutschland Auto Wendelin Wiedeking von Porsche
Wendelin Wiedeking (55)Foto: Porsche

Sou o chefe de uma empresa automobilística há mais tempo no cargo, em todo o mundo. Continuidade é muito importante numa empresa. Faço grande questão que meus diretores permaneçam o maior tempo possível conosco. Todo mundo pode cometer um erro e um erro não se comete duas vezes.

Quem toma uma decisão em nossa firma também vivencia as suas conseqüências. Justamente nas empresas estadunidenses, que trocam de diretoria com freqüência, os gerentes acabam não tendo a menor responsabilidade por suas decisões. Sou responsável por cada uma das decisões que já tomei.

Estamos falando do lado risonho de sua vida. O senhor não teve que renunciar a nada?

Na vida particular, abri mão de muita coisa porque sempre trabalhei bastante duro. Mas gosto de trabalhar e creio que meu trabalho seja francamente apresentável. Profissionalmente poderia ter decidido certas coisas mais cedo ou de forma diferente. Porém, na soma total, a Porsche está numa boa posição.

O senhor tem a imagem de diretor com consciência social. Em 1994 foi eleito "empresário do ano". Qual é a importância da consciência social para uma empresa?

Todos os que trabalham numa empresa, também os funcionários e funcionárias, devem participar de seu êxito. Por isto tenho orgulho de pagar bem aos que trabalham para a Porsche.

Certa vez o senhor afirmou que luxo é parte da cultura, e que luxo exige esforço. A Porsche tem, contudo, também uma imagem de ostentação. Essas duas coisas combinam?

Não se recebe luxo de presente: quem quer tê-lo precisa trabalhar duro. A menos que seja herdado, mas são poucos os que herdam luxo. O bonito na época de hoje é que se pode chegar a algo através de trabalho intenso. Ao lado do trabalho duro, também desfruto um ou outro luxo. Sendo que atualmente o maior luxo seria tempo livre.

O que faz o chefe da Porsche no tempo livre, se é que o tem?

De vez em quando tenho tempo livre. Por exemplo, colhi com as próprias mãos as batatas para a salada aqui do estande da IAA.

Que carro o senhor dirige pessoalmente e no dia-a-dia?

Atualmente dirijo um 911 Turbo conversível, também a caminho do trabalho.

O senhor tem afirmado freqüentemente só ter se concentrado no que o que o leva adiante. Deve-se entender que é uma pessoa até certo ponto ríspida?

Para saber se sou enfadonho, é melhor perguntar aos que estão à minha volta. Como tenho pouco tempo llivree, só faço coisas que me dão prazer. Por exemplo, tenho um porão fantástico, com todas as ferramentas de que se precisa para bricolagem. Gosto de ir a apresentações de música, e em geral sou o último a sair da festa. Mas isso acontece raramente.

Que carro dirige na vida privada e no dia-a-dia?

No momento, dirijo um 911 Turbo Cabriolet, também para ir ao trabalho.

Qual é seu lema de vida?

No risk, no fun!