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Presidente alemão apela à consciência europeia

4 de fevereiro de 2017

Em entrevista a cinco grandes jornais, Joachim Gauck exige um sinal claro contra a política migratória do novo presidente americano. Ele também defende uma linguagem política que não seja entendida somente pelas elites.

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Joachim Gauck está se despedindo da presidência alemã
Joachim Gauck está se despedindo da presidência alemãFoto: picture-alliance/dpa/S. Stache

O presidente alemão, Joachim Gauck, respondeu perguntas de cinco grandes jornais europeus, antes de deixar o cargo no próximo mês. Na entrevista, publicada neste sábado (04/02) pelos diários NRC Handelsblad (Holanda), The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), La Stampa (Itália) e El País (Espanha), ele exigiu um sinal claro contra o veto de viagem do presidente americano, Donald Trump, para cidadãos de sete países muçulmanos.

"Devemos nos posicionar muito claramente sobre isso", disse Gauck. Com a proibição de entrada, alega-se que pessoas de fé muçulmana e de determinada origem seriam perigosas, acrescentou. "Isso não é compatível com as nossas ideias de dignidade humana, de igualdade e de liberdade de religião."

"Populismo é lenha na fogueira de medos"

Diante do crescente populismo na Europa, Gauck alertou para que não se deixem sozinhas as pessoas com seus medos, em tempos de globalização e migração. "Populismo é lenha na fogueira de medos", afirmou Gauck na entrevista. "Precisamos de um diálogo mais aberto, mais encontros diretos com aqueles que têm medo", apelou Gauck.

Para tal, a política precisa de uma linguagem que seja compreensível não somente para as elites, defendeu o presidente. "Não devemos deixar a palavra simples nas mãos de populistas e incitadores de medo", exigiu Gauck. "Eu não quero ir ao encontro da linguagem dos populistas. Mas eu também não quero deixar que eles expressem coisas complexas numa linguagem popular."

UE precisa desacelerar

No contexto da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), Gauck advertiu de que não se force uma coesão europeia de forma brusca. A UE precisa "algo como uma desaceleração de preservação de meta", afirmou o presidente, acrescentando que a política deveria levar ainda mais a sério o princípio do exaurimento de instâncias. "Ali onde for mais sensato regulamentar as coisas em nível mais nacional do que europeu, isso deve ser feito."

Em 12 de fevereiro próximo, a Assembleia Federal da Alemanha irá se reunir para escolher o sucessor de Gauck. O candidato conjunto do Partido Social Democrata (SPD) e da União CDU/CSU (União Democrata Cristã/União Social Cristã), o social-democrata Frank-Walter Steinmeier, tem as melhores chances de escolha.

CA/afp/dpa/dw