Premiê italiano designado entrega o posto
27 de maio de 2018O primeiro-ministro designado da Itália, Giuseppe Conte, renunciou à incumbência de formar um governo nacional depois das dificuldades encontradas para escolher seu Executivo. O anúncio foi feito neste domingo (27/05) no Palácio do Quirinal, sede da presidência italiana. A decisão pode implicar novas eleições gerais no país.
Posteriormente, o professor de Direito da Universidade de Florença, sem experiência política, alegou ter tentado todo o possível a fim de cumprir a tarefa para qual o designara o presidente Sergio Mattarella. Nisso, contara com a cooperação total dos potenciais parceiros de coalizão, a ultradireitista Liga (ex-Liga Norte) e o populista Movimento Cinco Estrelas (M5S), assegurou Conte.
O pomo da discórdia foi a recusa de Mattarella de aceitar o eurocético Paolo Savona como candidato à chefia da pasta de Economia. Segundo agências de notícias, o político de 81 anos, proposto pelo líder da Liga, Matteo Salvini, teria expressado ao presidente a intenção de que a Itália abandonasse a união monetária europeia. Tal posicionamento antieuro teria alarmado os mercados de finanças, justificou o chefe de Estado.
M5S e Liga agitam contra UE
Em vídeo no Facebook, o líder do M5S, Luigi di Maio, classificou a rejeição de Savona por Mattarella de "inaceitável", um "choque institucional sem precedentes": "Qual é o sentido de ir votar, se são as agências de rating que decidem?" Ele acusou ainda Mattarella de ter traído o Estado, ao rejeitar Savona, e ameaçou levar o caso ao Parlamento, exigindo o impeachment do presidente.
Declarando o fim do processo de constituição de um governo de coalizão Liga-M5S, o extremista de direita Salvini queixou-se na rede social: "Trabalhamos por semanas, dia e noite, para fazer nascer um governo que defendesse os interesses dos cidadãos italianos, mas alguém (sob pressão de quem?) nos disse NÃO." E em retórica divisora: "A Itália não é uma colônia, não somos escravos dos alemães ou dos franceses, da margem de lucro ou da finança."
Antes mesmo da decisão de Conte, o chefe da Liga declarara que, em caso de impasse, a única opção seriam novas eleições, provavelmente ainda em 2018. "Numa democracia – se ainda estamos numa democracia – só há uma coisa a fazer: deixar os italianos dizerem o que pensam", declarara Matteo Salvini num discurso a seu eleitorado, no centro da Itália.
O atual ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, comentou neste domingo que o problema não seria Paolo Savona, mas sim o plano econômico da coalizão, que é "claramente insustentável". Em sua opinião, os dois partidos deveriam ter descartado explicitamente a proposta apresentada no livro mais recente de Savona, de que a Itália traçasse um "plano B" permitindo-lhe, caso necessário, abandonar a zona do euro com o mínimo possível de danos.
AV/rtr/ap/efe/dpa
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