Premiê da Hungria vence eleição marcada por crescimento da extrema direita
7 de abril de 2014O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, foi reeleito por mais quatro anos, em votação marcada pelo crescimento da extrema direita. "Podemos dizer com absoluta certeza que ganhamos", afirmou na noite deste domingo (06/04) Viktor Orban, de 50 anos, diante de milhares de seguidores em Budapeste.
Apesar de uma grande perda de votos em relação à última eleição, o partido Fidesz, de Orban, ficou em primeiro, com 44,4% (ante 53% em 2010), deixando a coligação oposicionista de centro-esquerda em segundo lugar, com cerca de 25,9%, após 99% das cédulas contadas.
"Essas eleições foram livres, organizadas num país livre", ressaltou Orban, cujo partido alcançou, segundo as projeções oficiais, 133 dos 199 assentos, ou seja, os dois terços no Parlamento que mantinha até agora, maioria que lhe permitia fazer alterações na Constituição.
Entretanto, só o resultado final, esperado para esta semana, poderá afirmar se a margem de dois terços foi novamente assegurada pelos governistas. Com tal maioria, o Fidesz aprovou 850 leis e limitou os poderes de quase todas as instituições jurídicas e da mídia.
Crescimento da extrema direita
O partido Jobbik, de extrema direita e conhecido por fazer propaganda antissemita e contra minorias étnicas, aumentou a sua percentagem para 20,5% contra os quase 16% obtidos nas eleições de 2010.
Attila Mesterhazy, o candidato da aliança de centro-esquerda, já disse aceitar os resultados, mas se recusa a cumprimentar o premiê. "Orban abusou continuamente do poder", disse, acrescentando que a "Hungria não é livre, não é uma democracia".
Nos últimos anos, o governo Orban provocou seguidas críticas da União Europeia e dos Estados Unidos com leis controversas. Entre outras, Orban concedeu ao departamento de controle de mídia − órgão sob sua influência − mais autoridade para censurar emissoras, além de ter limitado a independência do Banco Central e do judiciário. A nova Constituição também limita aos futuros governos a realização de mudanças nas políticas fiscais e previdenciária.
A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) enviou uma missão de observação ao pleito. Antes da votação, o órgão havia expressado preocupação diante da reforma eleitoral promovida pelo partido do governo e também com a composição da comissão eleitoral, cujos sete membros pertencem todos ao Fidesz.
MD/afp/lusa/dpa/rtr