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SaúdeHolanda

Premiê da Holanda se desculpa por relaxar medidas anticovid

13 de julho de 2021

Diante de aumento dramático de contágios, primeiro-ministro lamenta decisão de reabrir casas noturnas e grandes eventos. "O que pensamos ser possível mostrou não ser possível na prática", afirma.

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Grande aglomeração humana no Chin Chin Festival de Amsterdã
Chin Chin Festival, em Amsterdã: Holanda passou de 500 novos casos diários de covid para 9.300Foto: Robin Utrecht/picture alliance

O primeiro-ministro em exercício da Holanda, Mark Rutte, admitiu nesta segunda-feira (12/07) ter sido um erro seu governo retirar a maioria das restrições para contenção da pandemia de covid-19.

Com as infecções pelo novo coronavírus atingindo os níveis mais altos do ano, na sexta-feira voltaram a ser impostas medidas como o fechamento de clubes noturnos e proibição de eventos de grande escala.

Antes, Rutte defendera a flexibilização como um "passo lógico", recusando-se a assumir qualquer culpa por uma eventual má gestão. Agora, tanto ele como seu ministro da Saúde, Hugo de Jonge, admitiram que a decisão foi implementada cedo demais.

"O que pensamos ser possível mostrou não ser possível na prática", disse o chefe de governo à imprensa. "Demonstramos mau julgamento, fato que lamentamos e pelo qual gostaríamos de nos desculpar."

De Jonge complementou que a variante delta do Sars-Cov-2 "teve, é claro, um efeito acelerador", o que "infelizmente podemos ver, em retrospecto".

Jovens entre 18 e 25 anos são os mais afetados

No domingo, as autoridades sanitárias holandesas registraram mais de 9.300 novos casos de covid-19 em 24 horas, a cifra mais alta desde dezembro de 2020. Apenas semanas antes, a taxa diária era de cerca de 500 casos. Vendo a queda dos contágios e hospitalizações, o governo relaxou as medidas, inclusive permitindo a reabertura das casas noturnas, depois de mais de um ano.

Numa carta ao Parlamento, na primeira semana de julho, a Equipe Holandesa de Gestão de Surtos (OMT) alertava que "o recente aumento nos números é mais rápido do que o previsto": "Estamos vendo um aumento exponencial das infecções, especialmente entre os jovens de 18 a 25 anos", disse a OMT, apontando que os contágios pelo coronavírus vinham ocorrendo sobretudo em clubes noturnos e no setor hospitalar.

Por outro lado, ressalvou a OMT, não houvera acréscimo notável fora dessa faixa etária, e tampouco as admissões hospitalares haviam aumentando significativamente. Nas últimas semanas, milhares de jovens fizeram filas para serem testados para covid-19, já que os locais noturnos exigiam ou um resultado negativo ou um comprovante de vacina.

Primeiro ministro da Holanda, Mark Rutte, fala ao microfone, com intérprete de linguagem de gestos ao fundo
Premiê Mark Rutte se desculpou por "mau julgamento" de seu governoFoto: Phil Nijhuis/ANP/picture alliance

"Golpe mortal" para setor de lazer

A carta ao Parlamento incluía uma sugestão para se reconsiderar o sistema nacional de avaliação da pandemia, passando da atual ênfase na taxa de incidência a um maior foco nas taxas de hospitalização e vacinação.

Apesar de mais de 46% da população adulta holandesa estar inteiramente vacinada contra o novo coronavírus, e 77% ter recebido pelo menos uma dose, a OMT alertou para um provável aumento das internações e da "carga de cuidados".

Apesar de tudo, o setor de lazer está insatisfeito: cerca de 30 organizadores de festivais de dança e grandes eventos, liderados pela companhia ID&T, abriram uma ação contra o Estado holandês, com o fim de derrubar as restrições.

A Federação Holandesa de Organizadores de Eventos se declarou "triste e furiosa" com a decisão de reimpor as medidas anti-covid: "É como um golpe mortal num setor que é o único trabalhando junto ao governo para encontrar uma solução", disse, fazendo referência a um experimento de "ingresso em troca de teste", que permitiu ao público participar sem ter que manter o distanciamento de 1,5 metro.

av/lf (AFP, AP, Reuters)