Prefeito de Londres pede novo referendo sobre Brexit
16 de setembro de 2018O prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediu neste domingo (16/09) a realização de um segundo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), criticando as negociações do governo britânico com Bruxelas sobre o Brexit.
Em artigo publicado no jornal The Observer, Khan considera que, faltando seis meses para a saída, o Reino Unido enfrenta duas opções: um "mau acordo" ou "nenhum acordo".
Na opinião do político trabalhista, o atual debate sobre a saída do país da União Europeia está centrado nas ambições políticas do ex-ministro do Exterior Boris Johnson, mas deveria estar focado na importância de se fechar um acordo com a UE.
Nos últimos dias, os meios de comunicação revelaram que vários deputados conservadores eurocéticos se reuniram em Londres para avaliar formas de desafiar a liderança da primeira-ministra, Theresa May, por se oporem a sua proposta de um "Brexit suave", contida no chamado plano Chequers.
Essa proposta contempla criar uma área de livre-comércio para mercadorias, o que evitaria os controles de alfândegas, e manteria aberta a fronteira com a Irlanda, algo que os eurocéticos rejeitam.
O prefeito de Londres disse que jamais imaginaria pedir a convocação de um segundo referendo, mas que está cada vez mais alarmado com as negociações com Bruxelas, "cercadas de confusão e em ponto morto".
Por isso, Khan considera ser necessário "um voto da população sobre qualquer acordo sobre o Brexit alcançado pelo governo, ou uma votação, no caso de não haver acordo, sobre a opção de permanecer na UE".
May está "irritada"
Já May se declarou irritada com o debate sobre a liderança de seu partido e criticou Boris Johnson por se opor a seu plano para o Brexit.
Em entrevista ao programa Panorama, da BBC, que será transmitido nesta segunda-feira, a chefe de governo insiste em que está concentrada em trabalhar pelo futuro do país depois da saída britânica da UE.
"Sinto-me um pouco irritada [pela liderança], mas este debate não é sobre meu futuro, este debate é sobre o futuro do povo do Reino Unido e o futuro do Reino Unido", afirmou a premiê. "É nisso em que estou concentrada, e é nisso em que todos nós deveríamos estar concentrados", acrescentou May.
Em sua entrevista, a líder conservadora ressaltou que o mais importante é fechar um "bom acordo" com a UE, que seja vantajoso para os britânicos de todas as regiões do país, e insistiu: "O que importa é o futuro do povo do Reino Unido".
Ao mesmo tempo, May criticou o linguajar utilizado por Johnson para rejeitar o plano Chequers, ao compará-lo com um imaginário colete suicida, que explodiria o Reino Unido, mas cujo detonador é entregue à UE.
"Devo dizer que a escolha do linguajar é totalmente inadequada. Eu fui ministra do Interior durante seis anos e primeira-ministra por dois anos e acredito que utilizar um linguajar como esse não é correto", afirmou.
A primeira-ministra insistiu em que Chequers é o único plano que fará a vontade dos britânicos e, ao mesmo tempo, evitará uma fronteira rígida na Irlanda.
Nova avaliação sobre as negociações
Na sexta-feira, o ministro britânico para o Brexit, Dominic Raab, destacou os progressos feitos para encontrar "soluções viáveis" para um acordo de saída do Reino Unido, apesar da divergência em alguns pontos.
"Embora ainda persistam algumas diferenças substanciais que precisamos resolver, está claro que as nossas equipes estão se aproximando de soluções viáveis para as questões pendentes no acordo de saída e estão tendo discussões produtivas no espírito certo sobre o relacionamento futuro", adiantou Raab.
Uma nova avaliação sobre as negociações será feita após a reunião informal de chefes de Estado e de governo da União Europeia, em Salzburgo, Áustria, nesta quinta-feira.
A saída oficial do Reino Unido da União Europeia está marcada para 29 de março de 2019, mas continua incerta a forma da relação entre ambos depois dessa data.
CA/efe/lusa
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