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CriminalidadeAlemanha

Prefeita de Berlim cai em golpe de chamada com Klitschko

25 de junho de 2022

Franziska Giffey conversou por 15 minutos com homem que se passava por prefeito de Kiev. Polícia investiga caso de deepfake. Ela não é a primeira autoridade europeia a cair no golpe.

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Prefeito de Kiev, Vitali Klitschko
Imagens de uma antiga entrevista de Klitschko teriam sido usadas como base para criar a deepfakeFoto: Maxym Marusenko/NurPhoto/picture alliance

A polícia alemã investiga uma videochamada falsa entre um homem que dizia e parecia ser o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, e sua homóloga de Berlim, Franziska Giffey. As autoridades acreditam que o incidente tem motivações políticas.

A videochamada ocorreu na sexta-feira (24/06). A ligação foi interrompida por Berlim depois de 15 minutos, diante das suspeitas de que o homem que dizia ser Klitschko seria na verdade um impostor.

Segundo a porta-voz de Giffey, Lisa Frerichs, os primeiros 15 minutos de chamada trataram de tópicos já esperados na ligação que havia sido planejada há alguns dias, por exemplo, como a cidade alemã estava lidando com fluxo de refugiados ucranianos e os números.

As suspeitas de fraude surgiram quando o homem começou a abordar tópicos incomuns, entre eles, ucranianos que estariam aplicando golpes para conseguir benefícios sociais na Alemanha, se Berlim poderia ajudar jovens que desejam voltar a Ucrânia para lutar, e se a cidade alemã poderia apoiar Kiev a realizar uma parada gay. "Isso foi mais do que estranho à luz de uma guerra", disse Frerichs.

A ligação foi então encerrada pelo gabinete da prefeita de Berlim. "Não há nenhum indício de que essa videochamada foi conduzida por uma pessoa de verdade. Aparentemente é uma deepfake", divulgou posteriormente a prefeitura da capital alemã no Twitter.

Kiev confirma fraude

O embaixador da Ucrânia na Alemanha, Andriy Melnyk, confirmou posteriormente que Klitschko não participou de nenhuma videochamada com a prefeita de Berlim.

"Infelizmente, faz parte da realidade que a guerra está sendo travada em vários meios, inclusive online, para minar a confiança em métodos digitais e desacreditar parceiros e aliados da Ucrânia", afirmou Giffey.

As mentiras que viralizaram sobre a guerra na Ucrânia

Ao jornal alemão Bild, Klitschko afirmou que esperar conversar com Giffey em breve por meio dos canais oficiais. "Também não preciso de um tradutor", disse o ucraniano, que viveu na Alemanha durante anos, em referência a primeira pergunta do impostor.

No início da videochamada, o suposto Klistchko perguntou aos assessores de Giffey se ele poderia falar em russo e ser traduzido simultaneamente.

Giffey não foi a primeira autoridade vítima de deefake desde o início da guerra na Ucrânia. Os prefeitos de Madri, José Luis Martinez-Almeida, e de Viena, Michael Ludwig, também participaram de videochamadas com o suposto Klistchko.

A prefeitura de Madri disse que a conversa foi encerrada antecipadamente, quando os presentes desconfiaram estar sendo vítimas de um golpe. Já Ludwig afirmou que a videochamada decorreu até o final e não percebeu a manipulação. Ele, porém, destacou que não foram abordados temas sensíveis ou secretos na ligação.

O que é deepfake

Deepfake é um termo que descreve arquivos de áudio e vídeo criados com o uso de Inteligência Artificial.

Todos os tipos de deepfakes são possíveis. Trocas de rosto, em que o rosto de uma pessoa é substituído pelo de outra. Sincronização labial, quando a boca de uma pessoa falando pode ser ajustada a uma faixa de áudio diferente da original. Clonagem de voz, em que uma voz é "copiada" para dizer outras coisas.

Rostos e corpos totalmente sintéticos também podem ser gerados, por exemplo, como avatares digitais.

Imagens de uma antiga entrevista de Klitschko teriam sido usadas como base para criar a deepfake, na qual teria ocorrido uma sincronização labial em tempo real.

cn (dpa,ots)