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Prefeita aliada ao ex-presidente Correa é morta no Equador

24 de março de 2024

Brigitte García é a segunda política mulher executada em menos de dois meses. Crime ocorre em meio a estado de exceção decretado pelo governo de Noboa para tentar conter onda de violência atribuída a narcotraficantes.

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Um carro parado em via pública cercado por testemunhas e forças policiais
Onda de violência no Equador já atingiu diversas autoridades equatorianas, como o promotor Cesar Suarez, morto a tiros no início do ano (foto)Foto: STRINGER/AFP/Getty Images

Em meio ao estado de exceção decretado pelo governo do Equador para tentar conter a onda de violência que assola o país, a prefeita da cidade litorânea de San Vicente, Brigitte García, foi executada a tiros, informou a polícia neste domingo (24/03).

"Nesta madrugada, no setor de San Vicente, Manabí, foram identificadas no interior de um veículo duas pessoas sem sinais vitais, com ferimentos por arma de fogo, correspondentes a Jairo L. e Brigitte G. (prefeita do município de San Vicente)", declarou a polícia em uma rede social. Segundo veículos locais, a outra pessoa seria Jairo Loor, diretor de comunicação do município.

Aos 27 anos, García era considerada a prefeita mais jovem do país e militava no movimento Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente esquerdista Rafael Correa (2007-2017).

O crime ocorreu em meio ao estado de exceção que vigora no Equador desde o início deste ano, quando uma onda de violência deixou dezenas de mortos e resultou em sequestros de funcionários carcerários, explosões nas ruas e à invasão armada do estúdio de uma emissora de TV durante uma transmissão ao vivo.

Em 7 de fevereiro, uma outra política foi executada em plena via pública: a vereadora Diana Carnero, 29, também ela uma apoiadora de Correa, baleada por assassinos de aluguel. Ela atuava no município litorâneo de Naranjal, na província de Guayas, próximo à cidade portuária de Guayaquil, que nos últimos meses tem sido palco de ações violentas de narcotraficantes.

García e Carnero somam-se a uma longa lista de autoridades equatorianas vítimas de matadores de aluguel nos últimos meses, que inclui promotores, juízes e políticos como o prefeito de Manta, Agustín Intriago, e o ex-candidato presidencial Fernando Villavicencio, baleado em também em via pública em plena campanha, a duas semanas das eleições, após relatar ter sido ameaçado por narcotraficantes.

Na noite deste sábado, na cidade andina de Latacunga, a polícia evacuou um estádio que sediava um jogo do campeonato profissional de futebol por ameaça de bomba; segundo a polícia, após a inspeção, os agentes detonaram cinco "possíveis cargas explosivas".

Onda de violência perdura

O estado de exceção foi imposto pelo presidente Daniel Noboa, que assumiu o cargo no final do ano passado e tenta conter uma onda de violência nas prisões e nas ruas, deflagrada após ele anunciar um plano para retomar o controle das prisões – muitas delas dominadas por grupos criminosos que disputam o poder entre si.

Situado entre a Colômbia e o Peru, maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador se transformou em um centro logístico para o envio da lucrativa droga aos Estados Unidos e à Europa.

Em 2023, o país de 17 milhões de habitantes registrou mais de 7,8 mil homicídios e a apreensão de 220 toneladas de droga.

Confrontos entre presos deixaram mais de 460 mortos desde 2021, e a taxa de homicídios nas ruas saltou quase 800% entre 2018 e 2023, indo de 6 para 46 mortes para cada 100 mil habitantes – no Brasil, essa taxa era de 23,4 em 2022, segundo os dados disponíveis mais recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

ra (EFE, AFP, Reuters)