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Praça da Independência vira bastião dos manifestantes em Kiev

Alexander Sawizki (ca)7 de dezembro de 2013

Para manter o protesto vivo, ucranianos superam frio com infraestrutura própria, que inclui assistência médica, aquecimento, abrigo e até exibição de filmes. De lá, eles dizem que só saem quando o país entrar na UE.

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Foto: DW/A. Sawizki

Apesar do frio e do vento, os manifestantes não deixam a "Maidan", a Praça da Independência em Kiev. Mesmo durante a noite, milhares permanecem no local. Eles se aquecem com fogueiras improvisadas em barris de metal – e cantam o Hino Nacional ucraniano repetidamente. Muitos assistem a filmes em televisões montadas sobre um grande palco. Há também a apresentação de artistas, como a cantora Ruslana, vencedora do Festival Eurovisão da Canção em 2004.

A praça já ganhou o apelido de "Euromaidan", uma vez que os protestos procuram fazer pressão em prol da integração da Ucrânia à União Europeia (UE). O maior problema dos organizadores é a falta de espaços aquecidos. O deputado opositor Andriy Parubiy, um dos líderes dos protestos, chegou a disponibilizar abrigo próximo à praça para os manifestantes, num prédio comercial, num centro cultural e até numa catedral.

Doações de cidadãos

Aos poucos, o cotidiano dos manifestantes na Praça da Independência vai se organizando. Voluntários distribuem sanduíches e bebidas quentes. Os alimentos são doados pelos moradores da cidade. Cafés e restaurantes ao redor ajudam com pão, biscoitos, queijo, embutidos, chá e café.

Há também muitos donativos e doações em dinheiro, como conta à Deutsche Welle Swjatoslaw Khanenko, deputado do partido populista de direita Svoboda (Liberdade). "Alguém nos trouxe um ônibus cheio de palmilhas para o aquecimento de sapatos. Você não pode imaginar quantas pessoas nos trazem medicamentos, alimentos e dinheiro", relata Khanenko, que é médico de profissão.

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Bebidas quentes são distribuídas aos manifestantesFoto: DW/A. Sawizki

Segundo Khanenko – que, em 2004, participou da Revolução Laranja – remédios não faltam, já que algumas farmácias da capital ucraniana doaram o suficiente. Como há nove anos, o médico também é responsável pela assistência aos manifestantes na Praça da Independência.

Ele disse não esperar nenhum tipo de epidemia ou problemas médicos sérios. "Existem particularidades quanto à alimentação em tais situações, as pessoas também sentem falta de sono, elas não podem tomar banho. Mas o entusiasmo dos manifestantes na 'Maidan' é fonte de uma forte defesa imunológica natural", afirma o médico.

Oposição organiza comitê

A oposição fundou um Comitê da Resistência Nacional, responsável pela organização dos protestos. À frente do comitê estão os líderes dos três partidos de oposição: Vitali Klitschko com a Aliança Ucraniana de Reformas Democráticas (Udar); Oleh Tyahnybok com o Partido da Liberdade; e Arseniy Yatsenyuk, líder do Pátria, partido da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko, atualmente na prisão.

Além deles, fazem parte do comitê representantes de diversas organizações da sociedade, que também apoiam os protestos com dinheiro e donativos. O comitê assegurou assistência médica 24 horas em torno da Praça Maidan. Médicos trabalham voluntariamente no local. Um deles é Anatoliy Besushko. Ele conta que atendeu a um apelo no Facebook de uma associação médica e veio para a praça – são 12 horas de trabalho voluntário por dia.

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Khanenko também prestou assistência médica durante a Revolução LaranjaFoto: DW/A. Sawizki

Seu local de trabalho é o edifício comercial. "Na maioria das vezes, trata-se de um resfriado ou de uma doença respiratória aguda", relata o médico. Mas, nos últimos dias, feridos também tiveram de ser tratados, principalmente no dia 30 de novembro, após a tentativa fracassada por parte das forças de segurança de expulsar de forma brutal os manifestantes, ou depois dos confrontos em frente à sede da presidência, em 1° de dezembro.

Ao redor da 'Maidan'

O Comitê da Resistência Nacional explicou, por sua vez, que está se preparando para uma longa ação de protesto. Atualmente, o número de voluntários fixos, dispostos a proteger ininterruptamente a praça, alcançou a marca dos 3 mil, diz o deputado Andriy Parubiy. Segundo ele, essas pessoas estão sendo treinadas para responder de forma eficaz, no caso de uma remoção violenta por parte da polícia.

Enquanto os manifestantes continuam a se organizar, ambulantes vendem mercadorias ao redor da praça: bandeiras, cachecóis, bonés e luvas. Por uma pequena bandeira da Ucrânia ou da União Europeia, eles pedem 1 euro. Os vendedores não gostam de falar sobre suas vendas – mas também não se queixam.

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Barracas tomaram conta da praçaFoto: DW/A. Sawizki

Paralelamente, na Praça da Independência, estudantes distribuem bandeiras fornecidas gratuitamente pelos partidos de oposição. Os adesivos com os dizeres "Não estou aqui por dinheiro" também são bem populares.