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Potsdam desenvolve tecnologia para detecção de terremotos

(av)10 de outubro de 2005

A comunidade internacional se mobiliza para auxiliar as vítimas do terremoto em Caxemira. DW-WORLD conversou com especialista do Centro de Geopesquisa sobre a possibilidade de prever catástrofes sísmicas.

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Destruição em Uri, CaxemiraFoto: dpa

A destruição causada pelo abalo sísmico deste sábado (08/10) na região de Caxemira, no sul da Ásia, ultrapassou os piores prognósticos. Calcula-se que tenha custado a vida de mais de 40 mil pessoas, somente no Paquistão. Na parte indiana da região houve pelo menos pelo menos duas mil vítimas fatais.

Paquistão é o principal atingido

Pervez Musharraf besucht Erdbebenopfer
Presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, fala às vítimas do terremotoFoto: AP

O terremoto de 7,6 graus na escala Richter foi a maior catástrofe vivida pelo Paquistão desde sua criação, em 1947. Segundo o general Shaukat Sultan, porta-voz militar do presidente Pervez Musharraf, os sobreviventes necessitam com urgência de água potável, medicamentos, cobertores e tendas.

Sultan esclareceu que seu governo designou uma área específica para cada uma das equipes de socorro da Alemanha, China, Espanha, França, Japão, Turquia e outros países. Quinze especialistas da Defesa Civil da Alemanha (THW) já partiram de Frankfurt para o Paquistão, e a Cruz Vermelha Alemã planejava para esta segunda-feira seu primeiro vôo de socorro. Diversas outras organizações anunciaram o envio de técnicos ou iniciaram campanhas de donativos.

Otan envia tropas alemãs

A devastação dificulta seriamente o acesso às áreas afetadas. Assim, o presidente paquistanês apelou à comunidade internacional para que contribua com o envio de helicópteros. A Índia, contra a qual o Paquistão lutou duas guerras pela posse da região de Caxemira, também ofereceu ajuda.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) convocou, nesta segunda-feira em Bruxelas, uma reunião de emergência com seus 26 membros. O secretário-geral da aliança militar, Jaap de Hoop Scheffer, declarou que tropas de paz alemãs, estacionadas no vizinho Afeganistão, foram mobilizadas para ajudar no socorro às vítimas paquistanesas.

Rettungsarbeiten in Pakistan
Equipes de resgate em Muzaffarabad, em CaxemiraFoto: dpa

Catástrofe previsível?

A DW-WORLD entrevistou Monika Sobiesiak, do Centro de Geopesquisa de Potsdam (GFZ), sobre a possibilidade de prever um abalo sísmico como o que acaba de devastar partes do Paquistão, Índia e Afeganistão.

A especialista explicou que esta zona da Ásia meridional é uma das de maior perigo sísmico do planeta. Enquanto o terremoto original alcançou 7,6 graus na escala Richter (que vai de zero a nove pontos), os cientistas de Potsdam já registraram até agora na região mais de 40 tremores subseqüentes em torno dos cinco graus.

Embora se possa detectar os movimentos das placas tectônicas responsáveis pelos sismos e determinar o grau de risco de um território, é impossível predizer quando um terremoto ocorrerá, da mesma forma como se pode prever apenas mais ou menos como será a meteorologia no dia seguinte.

Sobiesiak distingue entre detecção e alerta precoce. Assim, é possível registrar uma onda sísmica e alertar a tempo: "Estamos falando em detectar um movimento telúrico já ocorrido. Porém se trata muitas vezes de segundos, apenas o necessário para o corte eletrônico do fornecimento de gás e eletricidade, evitando danos maiores".

Sistema útil, implementação complicada

No início de 2005, o instituto de Potsdam apresentou um sistema desse tipo, o Geofon, baseado em informações de satélites. Num caso como a atual catástrofe, tal mecanismo de advertência teria sido extremamente útil, pois o tempo entre a detecção do tremor e a chegada da onda às costas afetadas bastaria para evacuar a população.

Por depender de tecnologia de ponta, é bastante complicada a implementação de uma rede de coleta e intercâmbio de dados, interligando centros sismológicos. Além disso, o fato de o Geofon ainda não estar totalmente desenvolvido constitui um obstáculo adicional.

Na América Latina, por exemplo, – cuja costa do Oceano Pacífico apresenta alto risco sísmico – apenas dois países começaram a encaminhar projetos para uma possível implantação da rede de controle sísmico. O prazo para que um sistema de alerta sísmico precoce se encontre em pleno funcionamento se mede em anos, explicou Monika Sobiesiak.