Portugal é campeão da Eurocopa 2016
10 de julho de 2016Portugal é campeão da Eurocopa 2016. Com um gol de Éder, já no segundo tempo da prorrogação, a seleção portuguesa conquistou, neste domingo (10/07), no Stade de France, seu primeiro título no futebol adulto.
De quebra, a Seleção das Quinas quebrou um longo tabu contra os franceses e anulou o poderio ofensivo dos anfitriões. E tudo isso sem Cristiano Ronaldo, que teve de ser substituído ainda no primeiro tempo. Além disso, o zagueiro Pepe se tornou o segundo brasileiro campeão europeu, depois de Marcos Senna, com a Espanha em 2008.
O esperado duelo Cristiano Ronaldo e Antoine Griezmann ficou restrito a poucos minutos no Stade de France. Numa partida bastante estudada, como costumeiramente são as grandes decisões, e de muita luta no meio-campo, foi de Griezmann a chance mais clara de gol no primeiro tempo. O atacante do Atlético de Madri aproveitou cruzamento de Dimitri Payet e cabeceou no ângulo de Rui Patrício, que executou uma defesa espetacular.
Em seguida, as atenções se voltaram exclusivamente para Cristiano Ronaldo. E representaram um choque para a torcida portuguesa. Em decorrência de uma pancada dura no joelho, sofrida após uma disputa de bola com Payet, o craque português teve de ser atendido duas vezes pelo departamento médico da seleção portuguesa.
Após o segundo atendimento, que durou alguns minutos, Cristiano Ronaldo voltou a campo com uma bandagem no joelho, mas visivelmente mancando. Logo na primeira vez que voltou a tocar na bola, ele não conseguiu arrancar e fez sinal de substituição. Chorando, Cristiano Ronaldo passou a braçadeira de capitão para Nani e saiu de maca diretamente para o vestiário. Perda importante para Portugal: sozinho, Cristiano Ronaldo marcou mais gols pela seleção do que o restante do elenco desta Eurocopa: 61 x 60 gols.
Titular no fracasso de 2004, Cristiano Ronaldo obviamente estava muito comprometido em levar Portugal ao seu primeiro título no futebol adulto. Mas sua participação na final no Stade de France ficou limitada em 24 minutos. Em seu lugar entrou Ricardo Quaresma – a segunda substituição mais rápida em finais de Eurocopa (Chiellini por Balzaretti, em 2012, pela Itália).
França, Stade de France, final e o nome Ronaldo na camisa: dezoito anos depois da final da Copa do Mundo de 1998, novamente a Équipe Tricolore enfrenta um adversário dizimado pelas atuações comprometidas de seus principais astros.
O restante do primeiro tempo trouxe poucas emoções. Moussa Sissoko, volante do rebaixado Newcastle, da Inglaterra, destacou-se pelo alto percentual em roubadas de bola e iniciou algumas boas ações ofensivas. Portugal, sem a presença de Cristiano Ronaldo, por outro lado, acalmou a partida, trocou mais passes e protagonizou um futebol mais coletivo.
A França foi superior em todos os fundamentos no primeiro tempo: finalizações, posse de bola, roubadas de bola, passes. Mas a bola pouco chegou até Olivier Giroud, Payet não conseguiu se desvencilhar da forte marcação e Paul Pogba esteve mais preocupado com funções defensivas.
A situação pouco mudou na segunda etapa, com escassas chances de gol numa partida sonolenta. A melhor chance veio somente aos 20 minutos, quando Kingsley Coman levantou a bola na área e o baixinho Griezmann cabeceou com perigo. A bola passou rente à meta de Rui Patrício.
A partida então ganhou em emoção. Giroud aproveitou outro bom passe de Coman e obrigou Rui Patrício a outra boa defesa. Portugal também chegou a assustar em contra-ataques, puxados principalmente por Cédric. Num deles, um cruzamento de Nani quase surpreendeu Hugo Lloris. Na sequência, Quaresma emendou uma bicicleta – que parou nas mãos de Lloris. Essa foi a primeira finalização à meta francesa, aos 35 minutos.
Já nos acréscimo, André-Pierre Gignac deu um corte humilhante em Pepe e acertou a trave de Rui Patrício. Com o 0 a 0 nos 90 minutos, todos os três confrontos entre França e Portugal em Eurocopas foram à prorrogação. Nas duas ocasiões anteriores, em 1984 e 2000, a França ganhou no tempo extra. E, posteriormente, foi campeã.
Nesta Eurocopa, era a terceira prorrogação para Portugal – recorde no torneio continental. Esta também foi sexta final de Eurocopa que foi para a prorrogação, mas a primeira que terminou sem gols nos 90 minutos. O primeiro gol quase saiu aos dois minutos do segundo tempo da prorrogação. O árbitro apitou mão na bola do zagueiro Laurent Koscielny, apesar de a bola ter tocado na mão de Éder. Na cobrança, Raphael Guerreiro acertou o travessão.
Mas o gol salvador saiu no ataque seguinte. Éder levou a bola na força e disparou de longa distância, no canto direito de Lloris: êxtase dos jogadores, da torcida de Portugal, e novo choro de Cristiano Ronaldo.
Portugal quebrou uma sequência de 23 partidas de invencibilidade da seleção francesa em torneios como anfitriã, quebrou um jejum de vitórias contra o rival francês e fez com que a França fosse a quarta anfitriã de um grande torneio a perder uma final em casa: Brasil, em 1950, Suécia, em 1958, e Portugal, em 2004.
Doze anos depois da dolorosa derrota para a Grécia, Portugal conquistou seu primeiro título no futebol adulto. A redenção para o reserva Ricardo Carvalho e, claro, para Cristiano Ronaldo.
Ficha técnica
Portugal 1 x 0 França
Local: Stade de France, em Saint-Denis.
Arbitragem: Mark Clattenburg (Inglaterra), auxiliado por seus compatriotas Simon Beck e Jake Collin.
Gols: Éder (4'/2P)
Cartões amarelos: Cédric (34'/1T), João Mário (17'/2T), Samuel Umtiti (36'/2T), Raphael Guerreiro (5'/1P), Blaise Matuidi (7'/1P), William Carvalho (8'/1P), Laurent Koscielny (2'/2P), Paul Pogba (10'/2P), Rui Patrício (17'/2P)
Portugal: Rui Patrício; Cédric, Pepe, José Fonte e Raphael Guerreiro; William Carvalho, Renato Sanches (Éder 34'/2T), Adrien Silva (João Moutinho 21'/2T) e João Mário; Nani e Cristiano Ronaldo (Ricardo Quaresma 24'/1T). Técnico: Fernando Santos.
França: Hugo Lloris; Bacary Sagna, Laurent Koscielny, Samuel Umtiti e Patrice Evra; Blaise Matuidi, Paul Pogba, Moussa Sissoko e Dimitri Payet (Kingsley Coman 13'/2T); Antoine Griezmann e Olivier Giroud (André-Pierre Gignac 33'/2T). Técnico: Didier Deschamps.