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Porta da cabine travada é consequência do 11 de Setembro

Fabian Schmidt (md)26 de março de 2015

Mudanças feitas por medo de atentados terroristas tornaram acesso ao cockpit dos pilotos mais seguro. Mesmo com senha, não é possível entrar, caso bloqueio seja acionado pelo lado de dentro.

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Foto: picture-alliance/dpa

Portas de cabine de piloto à prova de arrombamento foram instaladas em todo o mundo após os atentados de 11 de setembro de 2001. Elas são projetadas de modo a poderem ser abertas, em casos de emergência, pela tripulação ou pelo piloto que esteja fora da cabine, através da digitação de um código numérico.

Um vídeo da Airbus de 2002, pouco tempo após os ataques ao World Trade Center, em Nova York, explica a função das portas reforçadas, que eram, então, uma novidade. Uma porta-voz da fabricante confirmou, a pedido da Deutsche Welle, a autenticidade do vídeo.

Mas ela ressaltou, entretanto, que a própria Airbus não pode comentar o papel da porta da cabine no caso da tragédia da Germanwings, já que as investigações ainda estão sendo realizadas.

Código de acesso

Todo o sistema da porta consiste, segundo o filme, em cinco componentes principais: em primeiro lugar, está a superfície da porta, à prova de bala e à prova de arrombamento, munida com três travas elétricas. Um olho mágico permite que quem está dentro olhe para fora. Além disso, hoje muitas vezes há câmeras de vídeo, adicionalmente, na cabine, pelas quais o piloto pode seguir o que está acontecendo na área de passageiros e diante da porta.

Em segundo lugar, os pilotos têm em seu painel de controle um interruptor com três configurações: "norm" (normal), "lock" (travar) e "unlock" (destravar). Com ele, é possível controlar a porta.

Deutschland Absturz Germanwings A320 Cickpit Tür
Na cabine dos pilotos, alavanca aciona três modos da porta: travar, destravar e normalFoto: Reuters/L. Foeger

Em terceiro lugar, há na cabine um console com um teclado numérico e duas pequenas lâmpadas, uma vermelha e outra verde, além de um telefone, com o qual a tripulação pode falar com o piloto. Há, ainda, uma sirene na cabine do piloto, que serve tanto como uma campainha ou como um alarme. E existe um sensor, que é acionado no caso de queda de pressão na cabine do piloto.

Normalmente, ambos os pilotos estão na cabine, e a porta fica fechada. Neste estado, ela não pode ser aberta a partir da cabine, porque não há uma maçaneta. A chave fica na posição "norm", ou seja, os três travadores adicionais não estão acionados.

Se uma aeromoça quer entrar na cabine, ela primeiramente chama o capitão pelo interfone e, em seguida, aperta um botão no painel de controle. O piloto ouve, então, um sinal sonoro e move a chave na posição "destravar", e a aeromoça pode entrar. Assim que a porta se fecha, o estado normal é restaurado.

Retorno de um dos pilotos à cabine

Caso um dos pilotos se ausente da cabine, para ir ao banheiro, por exemplo, ele pode entrar novamente após digitar um código na porta, só conhecido por piloto e copiloto. Um alarme soa por três segundos na cabine.

Quem está dentro pode, reconhecer, por uma câmera, quem quer entrar e, então, destravar a porta. Caso a entrada da cabine não seja destravada, o piloto que está fora pode tentar contato pelo interfone e, se não houver reação, ele pode digitar um código de emergência. Este código faz disparar um aviso, indicando que a porta será destravada dentro de 30 segundos. Ela ficará neste estado durante cinco segundos, nos quais quem está fora pode entrar.

Quem está dentro da cabine pode, entretanto, mesmo assim, travar a porta, movendo o interruptor para a posição "travar" que, fecha as três travas adicionais da entrada. A porta permanece bloqueada por cinco minutos, mesmo que alguém tente entrar, empregando força contra a porta.

Acesso numa emergência

Mas também há casos em que a porta tem que ser aberta pela tripulação como, por exemplo, para administrar os primeiros socorros aos pilotos. Isso pode ocorrer, por exemplo, no caso de uma intoxicação por gás, quando ambos os pilotos desmaiam e já não respondem aos chamados de fora da cabine.

Neste caso, a tripulação também tem um código de acesso. Quando o código é digitado no painel, sons na cabine de comando e sinais luminosos ao lado da porta e no painel do piloto indicam que a porta está prestes a ser aberta. Caso os pilotos não reajam, a porta é destravada dentro de meio minuto, durante cinco segundos, permitindo que a aeromoça entre.

Caso os pilotos estejam conscientes e suspeitem que alguém obteve o código de acesso sem permissão, eles ainda podem mudar a chave para a posição "travar". Nesse caso, a porta permanece trancada por cinco minutos. Esta possibilidade foi pensada para o caso de a tripulação ser obrigada a dizer o código a terroristas.

Há um outro cenário em que a porta abre sem a intervenção dos pilotos: caso o sensor no teto da cabine detectar de sinal de queda de pressão na cabine. Mas nesse caso a porta permanece trancada por cinco minutos, caso o piloto coloque a chave na posição "travar".