População da China cresce a ritmo mais lento desde anos 1960
11 de maio de 2021A população da China cresceu apenas 5,4% nos últimos dez anos, segundo dados do último censo divulgados nesta terça-feira (11/05) pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) do país. Os números indicam que essa é a menor taxa de crescimento populacional registrada desde o início da década de 1960.
Na última década, a população da China aumentou em 72 milhões, chegando a 1,41 bilhão de pessoas em 2020. Isso representa um crescimento médio anual de 0,53%, abaixo do 0,57% registrado nos dez anos anteriores.
Em 2020, a China registrou 12 milhões de nascimentos, uma queda de quase 20% em relação ao número de nascimentos que ocorreram em 2019, 14,6 milhões.
Entre 1980 e 2016, a China praticou um rígido controle de natalidade em nome da preservação de recursos escassos para a sua economia em expansão. A atual queda na taxa de natalidade é vista agora, no entanto, como grande ameaça ao progresso econômico e à estabilidade social no país asiático, devido à inversão da pirâmide demográfica com o envelhecimento da população.
Causas do declínio
Apesar de ter abolido em 2016 a política do filho único, a taxa de natalidade está caindo no país. Os casais permanecem reticentes em ter mais filhos devido aos elevados custos de vida e à escassez de moradias adequadas. Já as mulheres preferem adiar a gravidez por causa da discriminação de empresas contra as mães e do temor de que um filho possa prejudicar suas carreiras.
Em 2019, a China reportou uma taxa de natalidade de 10,48 por 1.000 habitantes – a menor registrada desde 1949.
Os números do censo mostram ainda uma queda de cerca de 7% no grupo etário compreendido entre 15 e 59 anos, que é considerado em idade ativa. Já o grupo populacional de maiores de 60 anos cresceu mais de 5% neste mesmo período.
"O envelhecimento populacional está pressionando o balanço de longo termo do desenvolvimento da população no próximo período", afirmou o diretor das estatísticas do GNE, Ning Jizhe. Ele acrescentou, no entanto, que o censo mostrou que a população chinesa manteve um ritmo de crescimento moderado na última década.
A China, junto com a Tailândia e alguns outros países asiáticos em desenvolvimento, enfrenta o risco de envelhecer antes de enriquecer. Alguns especialistas consideram que o país asiático enfrenta uma "bomba-relógio demográfica".
Japão, Alemanha e outros países ricos enfrentam o mesmo desafio de sustentar populações envelhecidas com menos trabalhadores, mas podem recorrer ao investimento em fábricas, tecnologia e ativos estrangeiros. A China, ao contrário, continua sendo um país de renda média, com agricultura e uma indústria que requer muita mão de obra.
Maior população urbana e menores famílias
Os dados do último censo revelaram ainda que a população urbana do país cresceu 15% na última década. Com isso, mais de 63% dos chineses vivem atualmente em áreas urbanas. O país possui ainda cerca de 500 milhões de trabalhadores migrantes.
O tamanho médio da família que vive sob o mesmo teto encolheu para 2,62 pessoas. Na década anterior, essa média era de 3,10. "Os lares continuam a diminuir devido ao aumento da mobilidade populacional e ao fato de jovens, após o casamento, viverem em casas separadas dos pais devido à melhora das condições de moradia", argumentou Ning.
Os dados mais recentes colocam a China mais perto de ser ultrapassada pela Índia como o país mais populoso do mundo, o que deve acontecer até 2025. A população indiana no ano passado foi estimada pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU em 1,38 bilhão. A agência afirma que a Índia deve crescer 0,9% ao ano até 2025.
cn/lf (DW, Lusa)