PopKomm começa em Berlim e tem Brasil como tema
20 de setembro de 2006Começou em Berlim nesta terça-feira (19/09) a PopKomm 2006, um dos principais eventos do mercado musical da Europa. Com duração até sexta-feira (22/09), pela primeira vez em sua história a PopKomm terá um país não-europeu destacado como tema, e o Brasil foi o escolhido para a edição deste ano.
Cerca de 15.000 pessoas devem circular pelos pavilhões do Centro Internacional de Convenções de Berlim, que terá mais de 800 expositores. As 400 performances musicais, que serão distribuídas entre 30 casas noturnas berlinenses, vão envolver cerca de 2000 artistas, representando 27 países. O ministro brasileiro da Cultura, Gilberto Gil, vai proferir a palestra principal da quinta-feira (21/09).
Por ser o país tema da feira, o Brasil tem um estande de 200 metros quadrados. No local estarão presentes representantes de 40 empresas da indústria fonográfica nacional e mais de uma centena de artistas, representando 15 Estados brasileiros. O espaço também oferece degustação de bebidas e comidas típicas.
Espaço para negócios
De acordo com Michel Nicolau, um dos coordenadores do evento, os negócios a serem fechados pelas empresas brasileiras durante os três dias da feira devem movimentar cerca de 450.000 euros. "A PopKomm é a plataforma ideal para para promover a música do Brasil na Europa e no resto do mundo", disse ele.
As apresentações musicais fazem parte da Copa da Cultura, uma iniciativa do ministério brasileiro da Cultura que começou em janeiro de 2006 e já levou shows, exposições, mostras de cinema, espetáculos de dança e teatro, conferências, lançamentos de livros, debates e palestras sobre temas ligados ao Brasil a mais de 20 cidades alemãs.
Os brasileiros Yamandú Costa e Naná Vasconcelos se apresentaram terça-feira (19/09), na noite de abertura da PopKomm. Estão programadas para os demais dias do evento apresentações de Maurício Tizumba, Elba Ramalho, Maria Alcina e Chico César, entre outros artistas.
Presença internacional
O gerente-geral da feira, Ralph Kleinhenz, destaca que a cada ano a PopKomm se torna mais internacional. Ele informa que na atual edição os expositores vêm de 48 países. Kleinhenz destaca, além do Brasil, a presença de representantes do setor de entretenimento da Austrália, Canadá, Itália, Letônia, Lituânia, Croácia, Escócia e Eslovênia.
As perdas geradas pela pirataria de CDs e pelos downloads de músicas na internet serão um dos temas centrais dos painéis de discussão da feira. As gravadoras alemãs, por exemplo, perderam 3,4% de mercado no primeiro semestre deste ano, em comparação com igual período de 2005. A performance negativa é atribuida em grande parte à venda de CDs piratas e ao grande volume de músicas baixadas pela internet.
De acordo com Michael Haentjes, porta-voz da indústria fonográfica alemã, o crescimento vertiginoso da pirataria e dos downloads ilegais deve ser enfrentado. "Novas formas de combater esse grave problema compõem o principal tópico das discussões durante a feira", disse.
Combate à pirataria
Atualmente o governo alemão está elaborando uma nova legislação para endurecer as penas para violações aos direitos autorais. A idéia é incluir downloads na internet entre os delitos previstos. Segundo a organização da PopKomm, legisladores estão entre os convidados das discussões, o que deve fazer com que os interesses das gravadoras sejam levados em conta pela lei em elaboração.
O exemplo da banda Arctic Monkeys será debatido nos painéis. O grupo britânico revolucionou o mercado, disponilizando suas músicas de forma gratuita na internet. A gravação de CDs por internautas é vista pela banda como uma maneira de obter publicidade. A estratégia funcionou, e o primeiro CD do grupo, lançado em janeiro por itnermédio da gravadora Domino Records, alcançou a expressiva vendagem de 118.000 cópias em apenas alguns dias.
Além disso, os elevados ganhos obtidos pela indústria fonográfica deve estimular ainda mais atitudes similares à do Arctic Monkeys por parte dos artistas. Em média, o cantor recebe 19 centavos de euro por CD comercializado, que custa à gravadora cerca de 50 centavos de euro. Porém, uma unidade é vendida ao consumidor por um preço médio de 15 euros.