Polônia reforça não à distribuição de refugiados na UE
12 de fevereiro de 2016Em sua primeira viagem à Alemanha, a primeira-ministra polonesa, Beata Szydlo, foi recebida nesta sexta-feira (12/02) em Berlim pela chanceler federal alemã, Angela Merkel, com honras militares.
O encontro visava tratar da crise migratória e das relações bilaterais, que andam estremecidas desde que o partido conservador e católico Lei e Justiça (PiS) assumiu o governo, há três meses.
Chamou a atenção a demora de Szydlo em visitar a Alemanha, um país vizinho e uma das principais lideranças da União Europeia (UE). Ela esteve antes na Hungria, na França, na Noruega e no Reino Unido, além de Bruxelas.
Após a reunião, Szydlo afirmou que a Polônia deseja ter um papel ativo para solucionar a crise migratória, mas se recusou a aceitar a proposta de Merkel de um sistema europeu de cotas para a distribuição de refugiados entre os países do bloco.
"Para a Polônia, cotas permanentes para migrantes não são aceitáveis e não discutiremos isso. A Polônia quer ser um membro da União Europeia ativo na resolução desse problema. Propus iniciar um projeto humanitário conjunto, e a chanceler aceitou a proposta", disse Szydlo.
Merkel confirmou que Alemanha e Polônia planejam um projeto de ajuda humanitária em um dos países vizinhos da Síria, por exemplo a construção de uma escola ou hospital, e acrescentou que ambas concordam que a responsabilidade humanitária da UE é ajudar as pessoas dessa região.
A chanceler alemã elogiou ainda a participação de Varsóvia no acordo que prevê a redistribuição de 160 mil refugiados entre os membros do bloco e ressaltou que o país vizinho "asume sua responsabilidade".
Merkel reforçou a necessidade de proteção das fronteiras externas da União Europeia e aproveitou o momento para defender as cotas fixas de refugiados para cada país da UE, dizendo que, depois que a migração ilegal for contida, é preciso tratar dessa questão.
Antes do encontro, a primeira-ministra polonesa afirmou, em entrevista ao jornal alemão Bild, que exigiria uma mudança na política migratória. Szydlo disse que a situação das fronteiras externas da UE saiu de controle, ressaltando que seu partido havia alertado sobre os perigos de se "abrir as portas" sem pensar nas consequências.
Há três meses no poder, o partido de Szydlo propôs reformas controversas na lei de imprensa e no Tribunal Constitucional. As propostas levaram a União Europeia a advertir o governo polonês para que evite colocar em risco o Estado de Direito e a abrir um processo contra o país.
CN/rtr/kna/dpa/afp