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Pioneirismo ambiental e social

9 de agosto de 2009

Em entrevista à DW, o verde Cem Özdemir – primeiro político de origem estrangeira a assumir uma liderança partidária na Alemanha – descreve como a política ambiental e social de seu partido foi assimilada pelos demais.

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Cem Özdemir teme que campanha eleitoral se transforme em leilãoFoto: picture-alliance/ dpa

Para Cem Özdemir, membro da presidência do Partido Verde alemão, a recente promessa do candidato social-democrata às eleições parlamentares de 27 de setembro, Frank-Walter Steinmeier, de gerar 4 milhões de empregos é pouco séria. O político verde adverte sobre o risco de a campanha eleitoral se tornar um concurso de quem oferece mais.

Os verdes prometem 1 milhão de empregos; o partido A Esquerda, 2 milhões. Agora só falta a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Liberal Democrático (FDP) oferecerem 8 milhões de postos de trabalho, ironiza Özdemir.

Em seu plano para Alemanha, o candidato social-democrata aposta em uma política industrial ecológica que, aos olhos de Özdemir, parece derivada do programa eleitoral dos verdes. "Acho bem-vinda a iniciativa, mas gostaria de advertir com discrição que seria melhor votar no original mesmo, para se ter certeza de que o programa realmente será implementado", declarou à Deutsche Welle.

Incentivar liderança ecológica da Alemanha

A autoconfiança dos verdes aumentou desde que eles conquistaram 12% dos votos nas eleições parlamentares europeias, afirmando-se como terceiro partido mais forte. Sua concepção de um novo pacto social ecológico tem grande aceitação, assegura Özdemir.

Para ele, o caminho para sair da crise seria uma economia de orientação ecológica. Se dependesse dos verdes, a Alemanha expandiria seu papel de liderança como exportador de tecnologia ambiental.

"Quando os norte-americanos, como Obama agora, passam a investir em energias renováveis, onde eles vão buscar essa tecnologia? Na Alemanha, graças a Deus, porque produzimos as melhores turbinas e as melhores instalações fotovoltaicas. E se depender dos verdes, isso vai se manter assim", promete Özdemir.

Dificuldade de compor alianças políticas

Antes das eleições parlamentares europeias, até o Financial Times Deutschland tinha aconselhado a votar nos verdes. A meta do partido ecológico é que 100% da eletricidade consumida na Alemanha provenha de fontes renováveis até 2040. Isso implicaria o fim das usinas atômicas e carboelétricas.

No entanto, para os verdes poderem viabilizar seu programa, o que falta no momento é um parceiro político que lhes permita chegar ao poder. Ao lado do Partido Social Democrata (SPD), eles seriam fracos demais. Uma eventual coalizão com o SPD e o FDP os confrontaria com a resistência dos liberais, para os quais as reduções fiscais são uma prioridade bem mais evidente que o incentivo estatal a fontes renováveis de energia.

Crítica à falta de rigor ambiental

Em entrevista à Deutsche Welle, Özdemir aproveitou para fazer severas críticas contra o atual programa do governo para o sucateamento de carros velhos. Para aquecer a conjuntura e incentivar o mercado automobilístico, a atual coalizão de governo democrata-cristã e social-democrata investiu 5 bilhões de euros em um programa que oferece 2.500 euros para quem se desfaça de um carro velho.

Özdemir critica, no entanto, a falta de visão ambiental do programa. Afinal, não foi imposto um limite de emissão de dióxido de carbono para os veículos novos cuja compra está sendo subsidiada pelo Estado.

"Foram 5 bilhões de euros jogados pela janela", reclama o político verde, acrescentando que, "no próximo ano, o surto de vendas de carros vai cair, além de continuar faltando uma forma de controlar as emissões de CO2". Na opinião de Özdemir, teria sido melhor investir em educação ou proteção ambiental.

Por uma "sociedade daltônica"

O político verde de 43 anos é o primeiro alemão de origem turca a fazer parte da presidência de um partido alemão. Özdemir continua considerando seu partido pioneiro no tratamento de migrantes e minorias, embora reconheça que outros partidos também fizeram avanços nesse sentido.

Ele também lembra que o Partido Verde foi o primeiro a ter um parlamentar declaradamente homossexual no Bundestag, o primeiro a adotar a cota de mulheres e a presidência dupla no partido e na bancada.

Atualmente, até os democrata-cristãos têm deputados de origem turca. Para Özdemir, isso significa que "os outros partidos olham para o que os verdes estão fazendo e ocasionalmente também acabam copiando algo".

Nas palavras do político verde, a meta é chegar a uma "sociedade daltônica", onde as pessoas sejam avaliadas pelo que sabem e fazem e não de acordo com seu lugar de origem. No entanto, para Özdemir ainda vai demorar para um migrante ou uma migrante chegarem à Chancelaria Federal. Para tal, o fato de uma pessoa ter origem estrangeira ou não ainda teria que perder a relevância na sociedade alemã.

Autor: Bernd Gräßler
Revisão: Augusto Valente

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