Política energética de Merkel foi um desastre, diz ministro
18 de julho de 2022O ministro da Agricultura da Alemanha, Cem Özdemir, lançou duras críticas às políticas energéticas do governo da ex-chanceler federal Angela Merkel, classificando-as de "desastre".
Em pronunciamento numa feira comercial em Munique, o político do Partido Verde disse que a atual gestão de Olaf Scholz "herdou uma situação catastrófica" no tocante à forte dependência do país em relação ao petróleo e gás russos, que se expandiu sob Merkel.
"Eu não achava que fosse uma boa ideia obtermos 60% do gás de um criminoso chamado Vladimir Putin", afirmou Özdemir neste domingo (17/07), referindo-se ao presidente da Rússia.
O ministro ainda convocou um debate público sobre os erros cometidos pelo governo anterior, dizendo ser vital "chegar a um consenso sobre o que aconteceu nos últimos anos".
"Dependência dos criminosos do mundo"
Segundo Özdemir, a atual coalizão de governo – formada pelos partidos Social-Democrata (SPD), Liberal Democrático (FDP) e Verde – deve agora continuar a reduzir a "dependência quase criminosa em relação aos criminosos do mundo". "Não quero que Putin determine se teremos energia suficiente ou não", arrematou.
Até o início da invasão da Ucrânia pelas tropas de Putin, em 24 de fevereiro, a Alemanha dependia da Rússia para suprir grande parte de sua demanda de petróleo, gás e carvão, apesar da oposição dos Estados Unidos e de outros países europeus, segundo os quais isso deixava o país nas mãos de Putin.
O governo de Merkel insistiu nos planos de construir um segundo gasoduto de gás natural – o Nord Stream 2 – entre a Rússia e o norte da Alemanha. A licença de operação só foi rejeitada depois que Moscou marchou sobre a Ucrânia.
Desde então, a maior economia da Europa tem tentado diminuir a dependência do petróleo e gás russos, a fim de aumentar sua segurança energética, mas também devido às sanções ocidentais impostas contra Moscou.
Alemanha se prepara para falta de gás
O governo alemão está agora preocupado se o país conseguirá abastecer seus terminais de gás com quantidade suficiente para o próximo inverno, depois que, em junho, a Rússia passou a reduzir seu fornecimento de gás natural.
Além disso, na semana passada Moscou fechou o gasoduto Nord Stream 1 para uma manutenção anual, mas há receios de que Putin possa aproveitar a oportunidade para cortar permanentemente o envio de gás à Alemanha.
Berlim acredita que o corte do fornecimento poderá fazer parte da campanha russa de retaliação às sanções internacionais.