Polícia reprime com violência manifestações contra governo na Turquia
1 de junho de 2013Pelo segundo dia consecutivo, a polícia turca voltou neste sábado (01/06) a usar gás lacrimogêneo para dispersar milhares de pessoas que protestaram, em Istambul, contra o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.
Os manifestantes haviam montado barricadas na avenida Istiqlal, uma rua de pedestres que leva à praça Taksim, tradicional ponto de manifestações na cidade turca, quando a polícia lançou granadas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Durante a manhã foram registrados vários outros incidentes entre a polícia e os manifestantes em outras zonas da cidade.
A onda de protestos começou na sexta-feira em diversas cidades turcas. Estas são consideradas as maiores manifestações contra o governo islâmico e conservador de Erdogan desde o início da gestão, em 2002.
De tendência islâmica e conservadora, a política do partido governista, AKP, do premiê Erdogan, vem sendo considerada cada vez mais autoritária. As revoltas começaram após a polícia ter usado violência na remoção de um acampamento de ativistas contrários a um controverso projeto urbanístico próximo à praça Taksim.
Demolição de parque
Milhares de pessoas haviam ocupado por vários dias o Parque Gezi, perto da praça Taksim e um dos "pulmões" de Istambul, a fim de tentar impedir a demolição da área verde para a construção de um centro comercial. Na sexta-feira, a polícia já havia recorrido ao uso de gás lacrimogêneo para remover os militantes, que responderam com pedras.
A repressão da polícia turca causou pelo menos 20 feridos, 12 dos quais com gravidade. Segundo a Anistia Internacional, mais de 100 pessoas ficaram feridas. Depois disso, milhares de turcos foram às ruas em protestos que atravessaram a madrugada.
As autoridades afirmaram que 63 pessoas foram presas nas manifestações que duraram até a madrugada de sexta para sábado. Já a agência de notícias Dogan noticiou que 138 pessoas haviam sido detidas.
O primeiro-ministro turco admitiu neste sábado que a polícia agiu com "dureza inadequada" e que forças de segurança erraram ao usar gás lacrimogêneo, afirmando ter ordenado uma investigação sobre o incidente. Entretanto, pediu aos manifestantes que parem os protestos e afirmou que o projeto controverso não será cancelado e que o "governo eleito não vai se curvar a uma minoria".
MD/afp/lusa/dpa