Polícia francesa faz buscas na casa de ministro da Saúde
15 de outubro de 2020A polícia francesa realizou uma operação de busca e apreensão nesta quinta-feira (15/10) em residências e escritórios do ministro da Saúde, Olivier Véran, e de outros membros e ex-membros do governo do país europeu. As buscas ocorrem no âmbito de uma investigação sobre a gestão da crise provocada pela pandemia de coronavírus.
Além de Véran, a operação também vasculhou endereços ligados ao diretor-geral de Saúde, Jérôme Salomon, e do ex-primeiro-ministro Édouard Philippe, que liderou o governo até o início de julho. O atual premiê, Jean Castex, também está sendo investigado no mesmo inquérito. A ação apura se o governo francês foi negligente na gestão da crise, que deixou mais de 33.000 mortes até o momento.
A abertura da investigação foi autorizada pela Justiça francesa no início de julho. Ela teve origem em 90 reclamações apresentadas contra ministros do governo. Entre os demandantes estão grupos de médicos e parentes de vítimas. Apenas nove reclamações foram consideradas admissíveis.
A Corte de Justiça da República (CJR), único órgão que pode julgar atos cometidos por membros do governo no desempenho de suas funções, considerou "necessário realizar uma investigação para avaliar as denúncias".
As audiências dos demandantes, incluindo representantes de um grupo de médicos, começaram em setembro. Eles criticaram, entre outras coisas, a "inconsistência das medidas" adotadas e a "falta de aplicação das recomendações da OMS".
Para que as alegações sejam comprovadas, a Justiça deve entender que há evidências de que as autoridades deixaram de tomar as medidas óbvias que poderiam salvar vidas. Em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira, o primeiro-ministro Castex disse ter confiança "absoluta" tanto em Véran quanto em Salomon.
A operação de busca ficou em segundo plano no noticiário francês diante da imposição das novas medidas severas de confinamento, que preveem um toque de recolher em Paris e oito cidades francesas.
O governo francês chegou a decretar o lockdown no país em 16 de março, medida que seguiu até 11 de maio, resultando na redução dos contágios e das mortes. No entanto, o país voltou a ser duramente afetado recentemente por uma segunda onda, com novos recordes diários de contaminação.
JPS/afp/ots