Polícia alemã prende jihadista que mirava atos pró-Israel
25 de outubro de 2023A polícia da Alemanha prendeu nesta terça-feira (24/10) um jihadista que estava supostamente planejando um ataque terrorista contra manifestações pró-Israel no país. Segundo a revista Der Spiegel, o suspeito foi detido em Duisburg, no oeste alemão.
De acordo com a Spiegel e o jornal Bild, a operação contra o suspeito foi lançada após um alerta de um "serviço de inteligência estrangeiro". O alerta foi tomado a sério, e nesta terça-feira policiais vasculharam a casa do suspeito, identificado como Tarik S., que acabou sendo levado sob custódia.
A Spiegel reportou que ele vinha pesquisando na internet sobre convocações para atos em apoio a Israel na Alemanha. Ainda segundo a revista, as autoridades temiam que ele atacasse um desses atos com um caminhão, a exemplo do atentado ao mercado de Natal de Berlim, em 2016, ou ao calçadão da beira-mar de Nice, também em 2016, atos que foram cometidos por fundamentalistas islâmicos e deixaram dezenas de mortos.
Aparentemente, o suspeito ainda não havia escolhido um alvo específico. Nas últimas duas semanas, desde a ofensiva terrorista do grupo Hamas a Israel, a Alemanha tem sido palco tanto de atos pró como contra Israel, além de manifestações em solidariedade aos civis palestinos, alvo da retaliação israelense contra o Hamas. Alguns desses atos registraram confrontos entre a polícia e manifestantes.
Jihadista conhecido
Segundo a Spiegel, Tarik S. havia recentemente feito elogios ao terrorista tunisiano Abdesalem Lassoued, que no dia 16 de outubro matou dois turistas suecos na Bélgica, antes de ser morto pela polícia. O caso provocou a queda do ministro da Justiça da Bélgica, depois que foi revelado que autoridades tunisianas haviam solicitado sem sucesso a extradição do agressor antes do ataque – o pedido não havia sido atendido pelos belgas.
Tarik S., o suspeito preso nesta terça-feira, já era conhecido pelas autoridades de segurança alemãs. Em 2017, ele foi condenado a cinco anos de prisão por "filiação a um grupo terrorista". Nos anos 2010, esse cidadão alemão de origem egípcia, também conhecido como "Osama, al-Almani" ("Osama, o alemão"), deixou o país europeu para se juntar ao grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI), que ao longo daquela década promoveu uma intensa campanha de terror no Oriente Médio, chegando a declarar um "califado" fundamentalista em parte do Iraque e da Síria. A campanha terrorista deixou dezenas de milhares de mortos na região.
À época, Tarik S. se tornou uma espécie de "garoto-propaganda" do EI, aparecendo em diversos vídeos do grupo. Em um deles, chegou a posar ao lado de uma pessoa decapitada. Quando retornou à Alemanha, em 2016, ele foi preso e posteriormente condenado.
No momento, a polícia alemã mantém sob vigilância pelo menos 180 radicais islâmicos considerados ameaças potenciais apenas no estado da Renânia do Norte-Vestfália, onde fica Duisburg. O estado é um reduto da cena salafista alemã, uma variante extremamente rígida do islamismo sunita.
Duisburg, onde vive o suspeito Tarik S., já havia sido palco de um atentado cometido por terrorista islâmico em abril. Na ocasião, um sírio de 28 anos matou a facadas um pedestre escolhido a esmo. O terrorista conseguiu fugir e voltou a atacar dias depois, ferindo quatro pessoas em uma academia de ginástica, antes de ser preso. No momento, ele está sendo julgado por um tribunal de Düsseldorf.
Temor de agitação na cena jihadista
Sinan Selen, vice-presidente do Departamento Federal para a Proteção da Constituição da Alemanha, disse recentemente numa reunião a portas fechadas da Comissão do Interior do Parlamento alemão que as autoridades de segurança temem agitação na cena jihadista após os ataques a Israel. Segundo ele, a situação atual pode "criar um potencial de mobilização na comunidade extremista e terrorista em todo o mundo e um efeito de solidariedade com os correspondentes elementos de aumento de risco".
Na semana passada, uma sinagoga de Berlim foi alvo de um ataque incendiário. O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, condenou tanto o ataque à sinagoga de Berlim quanto manifestações contra Israel que vêm sendo registradas na capital.
"Ataques contra instituições judaicas, tumultos violentos nas nossas ruas – isso é desumano, repugnante e não pode ser tolerado", disse Scholz. "O antissemitismo não tem lugar na Alemanha", completou.
jps/ek (ots)