1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Entrevista

Dirk Eckert (ca)28 de agosto de 2008

Egon Bahr, político do Leste alemão, disse a DW-WORLD.DE que Ocidente deve procurar cooperação e ratificar Tratado de Forças Armadas Convencionais,.em vez de se irritar com reconhecimento da Abkházia e da Ossétia do Sul.

https://p.dw.com/p/F6O6
Social-democrata Egon Bahr foi ministro alemão da Cooperação EconômicaFoto: dpa

DW-WORLD.DE: Apesar de todas as advertências ocidentais, a Rússia reconheceu a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia. Existe a ameaça de uma nova Guerra Fria?

Egon Bahr: Não, também não aconteceu nenhuma quando o Kosovo se declarou independente. O cerne da ordem internacional consiste em que nenhum Estado ou grupo de Estados pode dividir um país reconhecido internacionalmente, como foi antes o caso da Sérvia e agora da Geórgia.

O Kosovo foi reconhecido por cerca de 40 Estados, faltam ainda 160. O reconhecimento da Abkházia e da Ossétia do Sul deve ser feito por um número menor de países. Em princípio, um novo Estado só pode se tornar independente se ele for reconhecido pelas Nações Unidas.

O governo russo parece apostar que a irritação no Ocidente sobre seu procedimento na Geórgia não irá se confirmar. O que o Ocidente deveria fazer na atual situação?

Em primeiro lugar, o Ocidente não deveria reagir irritadamente, mas de forma a preservar e representar seus valores fundamentais. Isto significa que tratados devem ser cumpridos; isto significa renúncia à força. Relaxamento da tensão e cooperação em vez de confrontação. Em segundo lugar, a cooperação com a Rússia deve ser cultivada. Sem o apoio russo, não podemos levar nenhum abastecimento para o Afeganistão. Por falar nisto, isto também vale para os americanos.

Os EUA se colocaram do lado da Geórgia...

Eu suponho que, no mais tardar após as eleições nos EUA, a situação deverá se acalmar – não importa quem seja eleito presidente. Toda administração nova tem primeiro que se familiarizar com a situação. Até meados do próximo ano, poderemos ver de que forma o tema da Abkházia e da Ossétia do Sul será administrado.

O procedimento russo na Geórgia é comparado, freqüentemente, com a invasão soviética em Praga em 1968. O presidente da Geórgia,Mikhail Saakashvili, fala até mesmo da primeira anexação na Europa desde Hitler e Stálin. O senhor concorda com tais comparações?

Considero tais comparações simplesmente ilegítimas e tolas. Com toda modéstia: durante a invasão da União Soviética na antiga Tchecoslováquia não reagimos no Ocidente de forma tão tola e irritada como é o caso agora. Pelo contrário, dissemos que continuaríamos a política de aproximação. Dois anos mais tarde, tínhamos o Tratado de Moscou.

Desde então, não se viu rolar mais nenhum tanque soviético – pelo menos para além das antigas fronteiras soviéticas, ou sejam, das fronteiras russas.

O senhor vê ameaçada esta aproximação pela qual o senhor trabalhou?

Sim, através dos acordos assinados separadamente entre os EUA, a Polônia e a República Tcheca para o estabelecimento de um sistema de mísseis americanos na fronteira oriental da Otan. Isto atinge não somente estes países, mas todos nós. Pois disso depende a validade completa do Tratado de Forças Armadas Convencionais na Europa (Face).

Este tratado nos trouxe a maior redução de forças armadas convencionais na história da humanidade. Por 18 anos, ele foi base da estabilidade na Europa. E esta estabilidade está ameaçada porque o Ocidente até agora não ratificou a adaptação do tratado.

Pelo fato de a Rússia não querer retirar seus soldados da Geórgia?

Não importa o resultado das negociações sobre o status da Abkházia e da Ossétia do Sul, o mundo irá reconhecê-lo. Desta forma, não existe agora mais nenhum empecilho para que o Face não seja, finalmente, ratificado.