Fim da paralisação
22 de fevereiro de 2010O sindicato Associação Cockpit anunciou na noite desta segunda-feira (22/02) a suspensão, a partir da 0h de terça-feira (20h de segunda no horário de Brasília), da paralisação de pilotos na empresa aérea alemã Lufthansa, inicialmente prevista para durar até quinta-feira.
A decisão foi comunicada pelo sindicato e pela Lufthansa em nota conjunta, após audiência entre as duas partes no Tribunal do Trabalho de Frankfurt. Segundo o comunicado, os pilotos desistem de novas paralisações até a meia-noite de 8 de março.
O sindicato disse que orientará os pilotos a retornarem ao trabalho o mais rápido possível, mas prevê que a situação somente vá se normalizar a partir do meio-dia desta terça-feira. Com o fim da paralisação, as duas partes retornarão à mesa de negociações.
Na início da tarde desta terça-feira, a assessoria de imprensa da Lufthansa no Brasil informou à Deutsche Welle que o voo LH 506, de Frankfurt para Guarulhos, previsto para esta terça-feira, está confirmado. Também está confirmado o voo LH 507, de Guarulhos para Frankfurt, nesta quarta-feira. Sobre os demais voos entre o Brasil e a Alemanha até quinta-feira ainda não há uma confirmação.
Efeitos da paralisação
Segundo a empresa Deutsche Flugsicherung (DFS), que controla o tráfego aéreo na Alemanha, a paralisação atingiu aproximadamente metade dos voos da Lufthansa nesta segunda-feira.
Entre a meia-noite e as 16h, a empresa contou 1.014 voos da Lufthansa no espaço aéreo alemão. Em 8 de fevereiro passado, também uma segunda-feira, o total no mesmo intervalo fora de 1.947 voos.
Cerca de 4 mil pilotos da Lufthansa e das subsidiárias Lufthansa Cargo e Germanwings foram convocados a cruzar os braços pelo sindicato Associação Cockpit. A paralisação estava programada para durar até esta quinta-feira.
Exigências dos pilotos
O sindicato reivindica um aumento salarial de 6,4% para os pilotos da Lufthansa. Devido à crise econômica de 2009, que também atingiu a empresa aérea alemã, os sindicalistas afirmaram nesta segunda-feira que estariam dispostos a abdicar de tal reivindicação.
Mas, para isso, eles exigem que os pilotos das subsidiárias estrangeiras da Lufthansa, como a Austrian Airlines e a Lufthansa Italia, recebam uma equiparação salarial que os coloque no mesmo nível de ganhos dos pilotos alemães. Os grevistas também querem limitar o número de voos que podem ser operados pelas subsidiárias de outros países.
Por trás dessas exigências está o temor de que a Lufthansa coloque pilotos de subsidiárias em voos da empresa-mãe ou transfira cada vez mais linhas para suas subsidiárias no exterior, por elas terem menores custos de pessoal.
Os pilotos da Lufthansa estão entre os mais bem pagos da categoria. Segundo a empresa, um profissional em início de carreira recebe um salário anual bruto de 60 mil euros. Depois de oito ou 12 anos o jovem piloto pode virar capitão, com salário inicial de 100 mil euros anuais.
Força dos sindicatos
Sindicatos menores, que congregam apenas uma categoria, costumam ter muita força na Alemanha. A Associação Cockpit deu provas disso há nove anos, quando cerca de 4 mil pilotos da Lufthansa cruzaram os braços por vários dias, afetando milhares de passageiros.
Na época eles exigiam até 35% de aumento salarial, o que causou críticas na opinião pública alemã. Negociações mediadas pelo ex-ministro alemão das Relações Exteriores Hans-Dietrich Genscher levaram ao fim do movimento, com os pilotos ganhando um aumento de 10%.
Na época, a Lufthansa calculou que a queda no faturamento e os custos com a paralisação chegaram a 75 milhões de euros.
Até 2000 era o sindicato DAG (Deutsche Angestellten-Gewerkschaft) que negociava em nome dos pilotos. Mas estes não se sentiam bem representados e optaram por fundar a sua própria entidade sindical. O DAG, por sua fez, acabou sendo fundido a outras associações sindicais, dando origem ao sindicato Verdi, que representa cerca de mil grupos profissionais.
AS/NP/dpa/afp/ap