Picasso e a Segunda Guerra Mundial
Mostra "Os Anos da Guerra 1930-1945" foca vida do pintor e relação entre a arte e o conflito mundial.
Mórbida natureza morta
"Não pintei a guerra porque não sou o tipo de pintor que sai como um fotógrafo buscando algo para representar. Mas não tenho dúvidas de que a guerra está nestas pinturas que fiz", disse o espanhol Pablo Picasso após o fim da Segunda Guerra Mundial. Entre 1939 e 1945, Picasso pintou principalmente retratos, nus ou naturezas mortas, como "Três cabeças de ovelha" (1939), adotando tons sombrios.
Arte degenerada e proibida
Em junho de 1940, os nazistas ocuparam Paris. Picasso, que adotou a cidade como lar em 1904, fugiu para o sul da França após o início da Guerra. Mas, em agosto, voltou para seu estúdio parisiense, apesar da ocupação. Os nazistas o classificaram como artista degenerado e proibiram que expusesse sua arte. Ainda assim, ao contrário de muitos outros, Picasso ficou na França até o fim da Guerra.
Através do Atlântico
PIcasso requereu a cidadania francesa no início dos anos 1940, mas o pedido foi rejeitado por suas posições políticas: ele era próximo do comunismo. Sem poder exibir sua obra em Paris, o artista foi celebrado em 1939 e 1940 no MoMA, de Nova York, com uma retrospectiva de seus principais trabalhos, incluindo "Guernica", o doloroso tributo às vitimas da Guerra Civil espanhola (1936-1939).
Por uma causa
Antes da guerra, Picasso havia tomado um posicionamento político claro e até zombou do ditador Francisco Franco, o retratando como um triste Dom Quixote. Ele doou rendimentos de trabalhos publicados a organizações de ajuda aos refugiados espanhóis e os lucros de exposições ao Partido Republicano de seu país. Seu trabalho durante a 2ª Guerra, como esse pombo de 1942, parecia mais inofensivo.
A importância do contexto
"Porque você acha que eu dato tudo o que faço? Porque não basta conhecer o trabalho de um artista. Deve-se saber quando foi feito, por que, como, sob quais circunstâncias", explicou Picasso em 1943. "Natureza morta com caveira de boi" foi criada um ano antes. As caveiras, que simbolizam a fugacidade da vida, são motivo recorrente em seu trabalho nos anos da Segunda Guerra.
Arte apolítica?
Os Aliados libertaram Paris em 1944, e Picasso foi celebrado como um sobrevivente. Ele aderiu ao Partido Comunista, mas foi acusado por alguns de seus companheiros de ser artisticamente apolítico. Ele reagiu dizendo que o artista "é um ser político, que vive constantemente alerta perante os dilacerantes, ardentes ou doces acontecimentos do mundo, moldando-se inteiramente às suas imagens".
Em tempos de paz
Após a Guerra, Picasso, com frequência, viajava ao sul da França. Em 1945, ele reinventou novamente seu estilo com a reinterpretação de trabalhos de antigos mestres. O artista se manteve politicamente ativo, participando de congressos pela paz, entre outros eventos. Nessa época, ele criou a figura da pomba da paz, que até hoje é reconhecida como símbolo internacional.
Exposição sobre Picasso e a Guerra
"Pablo Picasso: Os anos da Guerra 1939-1945" exibe o homem e o artista num período de ameaças e destruição. A exposição ocorre de 15 de fevereiro a 14 de junho no espaço K20, em Düsselforf, e é uma cooperação da Kunstsammlung da Renânia do Norte-Westfália, do Museu de Grenoble e do Museu Picasso de Paris.