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PIB do Brasil despenca 4,1% no ano da pandemia

3 de março de 2021

Mesmo com recuperação no segundo semestre, atividade econômica não consegue voltar ao patamar de antes da epidemia de covid-19. Resultado de 2020 é o pior desde o confisco da poupança, em 1990.

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Pedestres andam de máscara em rua de São Paulo
Comércio foi um dos setores mais afetados pela pandemia de covid-19Foto: Cris Faga/NurPhoto/picture alliance

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil recuou 4,1% em 2020 na comparação com o ano anterior, anunciou o IBGE nesta quarta-feira (03/03).

Essa queda recorde na atividade econômica brasileira se deve à pandemia de covid-19, afirmou o órgão brasileiro de estatísticas.

O resultado já era esperado por economistas, que previam justamente uma queda em torno de 4%. Esse é o pior resultado desde 1996, quando o IBGE mudou a metodologia de cálculo do PIB, o que deu início à série histórica atual.

Se forem consideradas todas as séries já existentes, a pior queda, de 4,35%, foi a de 1990, durante o governo do presidente Fernando Collor e depois do confisco da poupança.

Perspectiva da produção

O IBGE divide a atividade econômica em três setores: agropecuária, indústria e serviços. A agropecuária foi o único que cresceu no ano passado, com índice de 2%. A indústria caiu 3,5%, e os serviços, 4,5%.

O setor de serviços, que na estatística do IBGE inclui tanto o comércio como bares, hotéis e restaurantes, entre outros, representa cerca de 70% do PIB e é justamente o mais afetado pelas medidas de isolamento.

O subsetor em que estão os hotéis, restaurantes e academias teve queda de 12,1%.

Perspectiva do consumo

Os efeitos da pandemia também são visíveis pela perspectiva dos gastos. O consumo dos brasileiros caiu 5,5% no ano, em consequência da pior situação no mercado de trabalho e da necessidade de distanciamento social.

Sem os programas de apoio financeiro às famílias (auxílio emergencial) durante a pandemia, a queda certamente teria sido ainda maior.

O governo também gastou menos, segundo o IBGE uma queda de 4,7%, devido ao fechamento de universidades, escolas, museus e outras instituições.

Boletim de Notícias (03/03/21)

Recuperação desacelerou

A queda do PIB não foi uniforme ao longo do ano. A queda de 2,1% no primeiro trimestre e o tombo recorde de 9,2% no segundo trimestre foram seguidos de recuperações, de 7,7% no terceiro trimestre e de 3,2% no quarto.

Mas a recuperação desacelerou e não foi suficiente para colocar a economia brasileira no patamar de antes da pandemia. Segundo o IBGE, o PIB do quarto trimestre está 1,2% abaixo do mesmo período de 2019.

Nova década perdida

O PIB anual é a soma do valor de todos os bens e serviços produzidos no Brasil ao longo de um ano. Em 2020, ele totalizou R$ 7,4 trilhões.

Segundo o IBGE, o PIB está hoje mais ou menos no patamar do fim de 2018 e início de 2019, e 4,4% abaixo do auge da década, no início de 2014.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o crescimento médio anual da década de 2011 a 2020 foi de apenas 0,3%, inferior à média anual de 1,6% verificada na década de 1980, que entrou para a história como a década perdida.